A TV Brasil apresenta a edição inédita do jornalístico Caminhos da Reportagem com o título “Imigração Alemã – 200 anos” nesta segunda (5), às 23h. A atração do canal público conta a trajetória da comunidade alemã no Brasil, desde a chegada dos pioneiros em São Leopoldo, no Vale do Sinos, até o desenvolvimento das cidades, da cultura e da economia gaúchas.
Este programa temático foi realizado pela equipe da TVE/RS, emissora parceira que integra a Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP). Além da exibição na telinha, a produção também pode ser conferida no app TV Brasil Play.
A colônia formada em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, é o marco da imigração germânica no país. A data de 25 de julho de 1824 marca um projeto de colonização, incentivado por Dom Pedro I, então imperador do Brasil. A pauta especial desta semana celebra os dois séculos dessa longeva trajetória.
Apesar dos descendentes alemães terem ampliado presença em São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a região sul do país foi a que mais atraiu esses imigrantes, com o objetivo de sedimentar a posse e a manutenção do território por meio do povoamento.
O Caminhos da Reportagem traz entrevistas com historiadores e descendentes que, com seus depoimentos, tecem os fios da influência alemã no sul do Brasil. O programa destaca histórias de superação e mostra a força da cultura da nação europeia na gastronomia, na arquitetura e no vestuário.
O historiador Rodrigo Santos explica os benefícios para a industrialização com a vinda dos europeus para a região. “O Rio Grande do Sul foi um terreno muito fértil para um processo de industrialização fora do eixo São Paulo – Rio de Janeiro – Minas Gerais”, afirma.
Os alemães que chegavam ao país traziam com eles seus costumes, religião, culinária, cultura e ofícios. Ainda hoje é possível observar essa influência nos ramos da indústria de sapatos, de cervejas, de chocolates e têxteis, entre outros segmentos com referências nas tradições alemãs.
Histórias de superação
O programa exibido pela TV Brasil reúne relatos como o de Caio de Santi, empresário do ramo da cerveja. Ele viu o seu estabelecimento ser inundado nas enchentes que abalaram o Rio Grande do Sul este ano. Pouco a pouco, os consumidores voltaram ao estabelecimento e, assim, a esperança de reconstrução.
Outro caso de superação é o do casal Clarice e Roberto Rohr. Eles acabaram por abandonar o antigo ofício da família, de produção de leite, para investir na fabricação de chás e outros produtos orgânicos, como biscoitos e geleias.
A força da cultura alemã também se mostra nos diversos grupos de danças folclóricas espalhados pela região. Sociedades, grupos e escolas mantêm o folclore alemão vivo, com suas danças, bandinhas e roupas típicas. O município de Picada Café foi fundado por alemães e preserva até hoje as tradições daquele povo.
Em São Leopoldo, por exemplo, Aline Metz e Claudete Regina Feldmann, têm um ateliê especializado na produção de trajes. A produção das vestimentas é intensa. “Essa atividade gera muito comércio, muita gente quer fazer parte da festa”, explica Metz.
A cidade de São Leopoldo abriga ainda o Museu Histórico Visconde de São Leopoldo (MHVSL), instituição que tem o maior acervo de peças e documentos dessa presença alemã de 200 anos no Brasil. Desde a bíblia em alemão gótico, livro de 1765, trazido pelos imigrantes, até milhares de peças que passaram pelas mãos de descendentes. O museu é mantido pela comunidade e conta com voluntários e funcionários que preservaram o acervo durante as enchentes e o devolveram após a o desastre.
Ingrid Marxen, que tem ascendência alemã tanto por parte de pai quanto de mãe, relembra que nem todos os alemães que vieram para o Brasil chegaram em 1824. Seu pai, por exemplo, veio pouco antes da Segunda Guerra Mundial e estabeleceu-se definitivamente no Brasil. Ingrid, além de participar de um grupo de danças folclóricas típicas, ainda é diretora de relações institucionais do MHVSL.
“Eu diria que, para nós, é uma questão de responsabilidade, porque as pessoas que trazem as suas lembranças e que doam para o museu, elas têm certeza de que aqui essa memória vai ser respeitada. Essas memórias vivas de qualquer pessoa que vai lembrar da sua avó, da sua mãe ou do seu filho quando era pequeno, isso alimenta a alma”, analisa Ingrid.