O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retira os EUA do Acordo de Paris, pacto que tem como objetivo minimizar os efeitos da crise climática. A notícia não chegou a pegar a comunidade internacional de surpresa.
A saída americana do Acordo de Paris evidentemente é uma má notícia e um risco imediato de inspirar outros líderes de extrema-direita do mundo a seguir o presidente norte-americano. Para os especialistas vinculados ao Observatório do Clima, esse eventual efeito dominó “poderia ferir de morte o acordo, atualmente a única coisa que separa a humanidade de 3ºC de aquecimento global ou mais. Outro risco, de mais longo prazo, é o de os EUA fazerem bullying para retardar a transição energética em outros países.”, diz nota do Observatório.
O anúncio da saída do acordo, publicado no site oficial da Casa Branca, integra a lista das prioridades do governo Trump, que promete também investir na exploração de petróleo, outro retrocesso na agenda da transição energética, movimento este com algum potencial para sensibilizar outros países produtores, com destaque para o Brasil. A Petrobras, já sinalizaou interesse em explorar imensa reserva de petróleo na Margem Equatorial.
Para o cientista político e sócio da Consultoria Tendências Rafael Cortez, o estímulo à indústria petroleira, com desregulamentação ambiental, visa aumentar a produção de energia que pressiona a inflação.
“Me parece que o que o Trump quer fazer é buscar reduzir o componente da energia dentro da inflação para, de alguma maneira, compensar os efeitos possíveis inflacionários do protecionismo comercial.”, comenta Cortez, em entrevista para a Agência Brasil.
Para o professor Antonio Jorge Rocha, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), a demanda por mais combustível poderá ter um aspecto positivo. “Talvez favoreça, por exemplo, a redução das tensões aqui com a Venezuela. [A multinacional] Chevron [de capital norte-americano] já está de corpo e alma na Guiana e já na Venezuela também. Eu aposto que vai prevalecer o interesse econômico nesse caso.”