O município de Tapauá (a 448 quilômetros de Manaus (AM), no coração da Amazônia) recebeu, de sábado, dia 27 de abril, até esta segunda-feira, dia 29 de abril, o seu 1º Seminário de Sociobioeconomia. Realizado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) em parceria com órgãos estaduais e municipais, o evento colocou em debate possibilidades de fortalecimento de atividades econômicas sustentáveis para comunidades que já praticam pesca, agricultura familiar e extrativismo no município.
Para Thiago Guimarães Franco, que atua no projeto Governança Socioambiental em Tapauá, executado pelo Idesam no município, o maior benefício do seminário foi a oportunidade de criar um espaço de diálogo com as comunidades.
“Nesse espaço de conversa, de diálogo, a gente tem a oportunidade de escutar quem tem a maior atuação na sociobioeconomia, que são as pessoas que moram nas comunidades e nas aldeias. São elas que têm a maior fatia de trabalho, são essas pessoas que têm a maior fatia de defesa de território”, afirma Thiago.
Franco explica que são essas populações que possibilitam o fortalecimento da governança territorial por meio da organização social, tradições, cultura e práticas tradicionais. “Geralmente essas pessoas ficam fora da grande economia, dessa macroeconomia. Por isso, a gente pensa numa sociobioeconomia em que essas pessoas sejam atraídas, sejam agregadas”, afirma, lembrando que essas pessoas, geralmente, são silenciadas. “O nosso papel aqui é fazer essa grande escuta, por isso que é importante esse momento”, declara Thiago.
Esclarecimento
O secretário municipal de Meio Ambiente de Tapauá, Jaciel Santos, avalia que a importância da realização do 1º Seminário de Sociobioeconomia de Tapauá reside no esclarecimento às populações que vivem nas comunidades.
“Esse seminário é importante por trazer à luz da população aquilo que outrora era desconhecido. Quando se fala em cadeia produtiva e sociobioeconomia são palavras difíceis da população comum entender, mas quando a gente traz para dentro de um seminário, para o indígena e o ribeirinho, a gente pega essas palavras difíceis, destrincha elas e desmistifica”, avalia o secretário.
Na opinião do secretário Jaciel Santos, essas populações sairão do evento com a certeza de que já estão praticando a sociobioeconomia. “Esse evento é o primeiro, é o pontapé inicial, nós precisamos fazer mais eventos como esse, a importância maior, ao meu ver, é o esclarecimento, a informação”, opina.
Vice-presidente da Associação Agroextrativista dos Moradores da Floresta Estadual de Tapauá (AAMFET), Raimundo Firmino avalia que participar de eventos como o 1º Seminário de Sociobioeconomia de Tapauá é fundamental para os comunitários e suas associações.
“Eu sempre achei esses eventos importantes e de todos eles eu participo, de todas as reuniões. Ele só não vai trazer benefícios para os comunitários que não vieram”, afirma Firmino, cuja associação reúne pescadores e produtores de copaíba, castanha e açaí.
O cacique-geral do povo Apurinã de Tapauá, Marino Apurinã, se disse muito agradecido pela realização do seminário. “Agradeço a cada um de vocês da equipe do Idesam que está presente aqui no município de Tapauá. Hoje, nós estamos juntos aqui, nos unimos. Isso é muito importante. Trazer conhecimento, cada um colocando o seu conhecimento. Não podemos andar sozinhos. Temos que trabalhar juntos, em parceria”, afirma o cacique.
O evento
A realização do 1º Seminário de Sociobioeconomia de Tapauá é uma construção coletiva articulada pelo Idesam através do projeto Governança Socioambiental Tapauá em parceria com a Prefeitura Municipal de Tapauá; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (Sedecti-AM); Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-AM); Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam); e Universidade do Estado do Amazonas (UEA); além disso, conta com o apoio da AAMFET, Associação das Mulheres Indígenas Artesãs de Tapauá (Amiata), Associação da União das Comunidades Indígenas do Trevo de Tapauá (Aucitt) e Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (Focimp).
Sobre o projeto
O projeto Governança Socioambiental Tapauá teve início em abril de 2022 por meio da iniciativa estratégica Governança Territorial do Idesam, com recursos da Rainforest Association e Embaixa da Nova Zelândia. O projeto tem como prioridade a realização de atividades para o fortalecimento de comunidades em Áreas Protegidas de Tapauá, como a Floresta Estadual (FES) Tapauá, uma Unidade de Conservação estadual; e as Terras Indígenas Apurinã do Igarapé São João e Apurinã do Igarapé Tawamirim. O projeto conta com a parceria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amazonas (Sema-AM) para avaliação e aprovação da execução por meio do Acordo de Cooperação Técnica N.º 003/2023.