Estudo publicado na última sexta (22) na revista “Cadernos Metrópole” apresenta estratégias para o enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas em Curitiba. A partir de dados como o aumento da temperatura média na cidade em 1,2ºC desde 1960, pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) faz um paralelo entre conforto térmico em habitações de interesse social da cidade com as ocorrências de eventos climáticos extremos.
Três estratégias fundamentais são apontadas pela pesquisa. A primeira seria a exigência de estudos comprovando a resistência das edificações frente aos desastres climáticos. A segunda foca na simulação dos impactos dos eventos climáticos, como o uso de tecnologias e softwares específicos. Por fim, a terceira estratégia envolve planejar licitações públicas na modalidade concurso de projetos para habitação de interesse social, que abrigariam a população vulnerável mesmo em casos de desastres climáticos.
Segundo a pesquisadora e arquiteta Ariane Stefania Tabatcheik, as três estratégias estão conectadas com o Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (PlanClima) de Curitiba, lançado em 2020. Neste documento, há orientações aos gestores e à sociedade para enfrentamento dos efeitos dos eventos climáticos extremos. “São estratégias que se somam ao direcionamento já existente para o enfrentamento dos resultados das mudanças climáticas que já estamos vivenciando”.
Os softwares de simulação de eventos climáticos incluiriam cenários de fortes ventos, vendavais, chuvas torrenciais e inundações. A pesquisadora sugere que essa tecnologia “poderia ser desenvolvida por universidades e disponibilizada gratuitamente no site da prefeitura de Curitiba para profissionais da área”.
Para a arquiteta, os estudos são fundamentais para a etapa de aprovação de novas moradias e reformas. E as cidades terão que lidar com as mudanças climáticas com os recursos disponíveis hoje, daí a necessidade de adoção de novas estratégias, com a criação de novas tecnologias conectadas às necessidades públicas para evitar desastres ambientais e preservar vidas.
Como as moradias precisam ter a função de abrigo, Tabatcheik menciona a importância dos editais da prefeitura estarem adequados a esse contexto e exigirem resistência física destas edificações. “São investimentos essenciais para enfrentamento das mudanças climáticas”, explica a pesquisadora.