Sabe-se que a exclusão socioeconômica desencadeia a exclusão digital, ao mesmo tempo que a exclusão digital aprofunda a exclusão socioeconômica. Em relação às meninas e mulheres, o quadro é ainda mais grave, segundo diversos estudos. Neste 27 de abril, as Nações Unidas celebram o Dia Internacional das Meninas em Tecnologia de Comunicação e Informação. Este ano, a União Internacional das Telecomunicações, UIT, marca a data com o tema “Habilidades Digitais para a Vida”. O objetivo é impulsionar meninas e mulheres a prosperarem no setor da inovação, criando oportunidades para que elas ganhem habilidades como usuárias de tecnologia e criadoras no mundo digital.
Dados analisados pela UIT, apontam que apesar de serem um terço da força de trabalho nas 20 maiores empresas de tecnologia do mundo, as mulheres ocupam apenas uma em cada quatro posições de liderança.
De acordo com estudos da ONU, à medida que a tecnologia avança, mulheres e meninas, especialmente em países em desenvolvimento e comunidades vulneráveis, continuam encontrando barreiras para serem incluídas. Em todo o mundo, meninas e mulheres representam apenas um terço dos estudantes de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. O estereótipo de gênero perpetua ainda mais a desigualdade nas áreas de concepção e desenvolvimento de novos produtos e serviços digitais.
No entanto, muitas mulheres também estão assumindo a liderança no aproveitamento da tecnologia para lidar com essas desigualdades e violência de gênero. Séculos de patriarcado, discriminação e estereótipos nocivos criaram uma enorme divisão digital de gênero.
Na Ásia e no Pacífico, apenas 54% das mulheres têm acesso digital. Mulheres e meninas são menos propensas do que homens e meninos a usar a internet ou possuir um smartphone. Já na América Latina, praticamente não há pesquisas sobre os problemas de exclusão digital por gênero. Além disso, a ONU alerta que a violência de gênero, tanto offline quanto cada vez mais online atualmente, são barreiras adicionais. Nos países em desenvolvimento, caso do Brasil, a reversão desse quadro de exclusão passa pela implementação de políticas públicas capazes de criar as condições para maior equidade, com destaque para a universalização do acesso gratuito à internet nas escolas e praças públicas, a distribuição de dispositivos eletrônicos para fins pedagógicos e a criação de bolsas de estudo.