Uma trajetória de mais de 50 anos dedicada ao cinema resume a contribuição de Vladimir Carvalho com o cenário cinematográfico brasiliense e brasileiro. No dia 09 de setembro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) celebrou essa história com a entrega do diagnóstico do acervo do cineasta e documentarista, em cerimônia realizada em Brasília (DF). O trabalho, fruto de uma parceria entre o Iphan e a Universidade Federal do Tocantins (UFT), envolveu a catalogação e análise de uma vasta coleção que reflete a importância de sua carreira para o cinema nacional.
O acervo de Vladimir Carvalho, que atualmente se encontra no Cinememória de Brasília, é um dos mais importantes registros da história cinematográfica nacional. Composto por mais de 5 mil livros, equipamentos de projeção cinematográfica, fotos, roteiros, cartazes de filmes, e até um argumento inédito do consagrado escritor Ariano Suassuna.
Além de materiais audiovisuais em diversos formatos, como DVDs, BETACAM e VHS, o acervo contém documentos de grande relevância histórica, como cartas e roteiros originais de cineastas renomados, incluindo Mário Peixoto, Glauber Rocha, Walter Salles e o próprio Ariano Suassuna. O diagnóstico também destacou a coleção de obras de arte de artistas como Emanuel Araújo, Siron Franco, Amílcar de Castro e Carlos Bracher, além de uma ampla biblioteca que abrange temas sobre cinema, arte, cultura, política e literatura.
Entre as peças de maior destaque está a exposição permanente de equipamentos cinematográficos antigos, que permite ao público acompanhar a evolução das tecnologias utilizadas no cinema ao longo das décadas. Moviolas, câmeras de 35mm e 16mm, além de filmadoras de Super 8, são alguns dos itens que, além de servirem como testemunhos históricos, ajudam a preservar a memória de grandes cineastas do Cinema Novo, como Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha e Joaquim Pedro de Andrade.
“A Cinemateca é uma referência para a classe cinematográfica do Distrito Federal, um espaço para a atividade artística, educativa e de pesquisa relativa ao cinema (…) com vistas à preservação da memória do movimento cinematográfico da cidade e da região”, como diz seu idealizador, Vladimir Carvalho. De acordo com o cineasta, “não existe acervo do Vladimir Carvalho, existe acervo cinema brasiliense, acoplado ao transcurso e a carreira do já bastante longevo cinema brasileiro”, ressaltou.
A entrega desse diagnóstico faz parte de um esforço contínuo para garantir a preservação e o acesso ao valioso acervo de Vladimir Carvalho. “A preservação do Cinememória agora exige algumas etapas importantes. Precisamos construir o espaço e adequá-lo”, explicou o presidente do Iphan, Leandro Grass. “Já há um diálogo em curso, envolvendo o Iphan, a Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura, a Fundação Banco do Brasil e o Centro Cultural Banco do Brasil, para que, quem sabe, a gente estabeleça uma nova sede para o Cinememória e uma possível extensão da Cinemateca Brasileira. Nosso objetivo é democratizar o acesso da população a esse acervo, o que representa o maior desafio e, ao mesmo tempo, a parte mais importante, que é a conexão do povo com isso tudo”, concluiu Leandro.