O “Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional”, projeto de arte, educação e lazer, voltado principalmente para crianças cegas ou com baixa visão, surdas ou com deficiência auditiva ou com deficiência intelectual ou cognitiva, visitará Florianópolis de 23 a 25 de outubro.
O projeto tem a chancela da Unesco e foi selecionado para a 37ª edição do “Criança Esperança”. A ideia é aproximar as crianças da sétima arte e mostrar como educação, cultura, tecnologia e solidariedade podem ser agentes de transformação e inclusão social das crianças com deficiência visual, deficiência auditiva e com deficiência intelectual ou cognitiva.
Rede de boas práticas inclusivas
Este ano, além das sessões de cinema com as tecnologias de acessibilidade (audiodescrição, LIBRAS e Legendas descritivas) e as oficinas para Educadores Inclusivos, o projeto passou a ter uma Rede Virtual de compartilhamento de boas práticas inclusivas.
Na capital catarinense, nos dias 23 e 24 de outubro, às 10h, será exibido o filme “Meu Malvado Favorito”, no Cine Show Beiramar Shopping, à rua Bocaiuva, 2.468 – 1002, no Centro da cidade, com entrada franca.
A programação prossegue no dia 25, das 9h às 17h, com a oficina “Educadores Mais Inclusivos”. Entre os assuntos abordados, estão o “Viés Inconsciente”, “Diversidade, Equidade e Inclusão” e “Grupos Diversos”.
Recentemente, dia 7 de agosto, o “Criança Esperança” anunciou que a OSC Mais Criança, com seu projeto “Festival de Cinema Acessível Kids”, foi selecionada para participar da sua 38ª. edição, em 2024. O Festival de Cinema Acessível Kids esteve este ano em São Paulo, Brasília e Recife. Ainda em 2023, vai a Niterói, nos dias 7 e 8 de novembro.
O projeto nasceu há oito anos no Rio Grande do Sul, como Festival de Cinema Acessível, idealizado pelo empreendedor e musicista Sidnei Schames, o Sid, presidente da OSC Mais Criança (a proponente do projeto) e diretor da empresa Som da Luz.
Leve seu pai ao cinema
Logo na estreia, em 2015, seu filho, David, então com oito anos, não pode entrar no cinema, por não ter a idade necessária. Acabrunhado, exclamou: “meu pai criou um Festival Acessível para os outros; mas não é acessível para mim!” Logo depois, transformou a indignação em projeto: “Pai, que tal a gente criar também um festival para as crianças? Já tenho até nome e slogan: ‘Festival de Cinema Acessível Kids, leve seu pai ao cinema’”!
Em suas versões adulto e infantil, o Festival de Cinema Acessível foi assistido por 21.465 pessoas, em 38 cidades (São Paulo, Natal, Brasília e Recife, além de 32 no Rio Grande do Sul e duas em Santa Catarina – Lages e Chapecó), com um total de 114 exibições. Em sua maioria, o público é formado por crianças com e sem deficiência das escolas da rede pública.
Inclusão cultural
A adaptação das obras cinematográficas infanto-juvenis faz sucesso com a família toda. Oferece conteúdo acessível de qualidade para uma parcela da população privada do direito de ter acesso à magia do cinema. As ações de inclusão cultural para o público das pessoas com deficiência são raras e, quando existem, são invariavelmente assistencialistas, contam os organizadores.
De acordo com Schames, os filmes têm audiodescrição das cenas para quem não enxerga, janela de libras para quem não ouve e legendas descritivas para quem não sabe Libras.
“Para chegar às telas de cinema com toda a acessibilidade necessária, tudo é gravado em estúdio. É preciso de tecnologia e muita sensibilidade”, diz.
E acrescenta: “Todos somos diferentes, mas podemos compartilhar uma mesma sala de cinema. Nas sessões tem o pai com deficiência visual, com o filho que enxerga; a filha com deficiência auditiva com a mãe que escuta, crianças com deficiência intelectual ou cognitiva e todos estão juntos se divertindo dentro do cinema”.
David, hoje com 17 anos, diz: “criamos o Festival para todo mundo ser igual. Não igual no sentido de ter as mesmas características, mas os mesmos direitos e possibilidades. É um momento de inclusão estar todo mundo, pessoas com e sem deficiência, assistindo ao filme”.
Quando David e Sid contam sobre pessoas sem deficiência, se referem também a quem vai às exibições como um exercício de aprendizado e empatia.
“Fizemos sessões em escolas, onde as crianças assistem aos filmes de olhos fechados ou com venda nos olhos, para sentir como é um mundo sem imagens. Assim, esses alunos tentam se colocar na posição do Outro e aprendem a entender e respeitar as diferenças”, reflete Sid.
Sid destaca as oficinas para educadores iniciadas no ano passado.
“Temos conseguido contribuir com os educadores para fazer o acolhimento de forma adequada. Assim, cumprimos uma função muito importante, já que aumentamos – e precisamos ampliar ainda mais – a velocidade dessa mudança na sociedade. Se mostrarmos que a inclusão é perfeitamente possível, ela se torna natural. Estamos fazendo parte de uma história importante, do caminho da acessibilidade, do tudo para todas as pessoas”, diz.
Rede Virtual
A Rede Virtual de compartilhamento de boas práticas inclusivas incluiu a criação de um Portal que abriga o site da OSC Mais Criança e “outras instituições que também trabalham com a Diversidade, Inclusão Social e Cultural, Acessibilidade e outras questões que combatam as desigualdades e a discriminação”, conta Sid. E acrescenta: “o portal, que será lançado em agosto, tem uma sala de trocas de boas práticas sociais dos participantes dos nossos eventos, já que essas experiências e conhecimentos devem ser compartilhados”.
Sobre o Festival
O Festival oferece entrada franca e possui três tecnologias assistivas. Proporciona, ainda, o convívio de pessoas com e sem deficiência nas salas de projeção, permitindo iguais oportunidades de entendimento, diversão e emoção, além do uso de outros recursos como vendas para os olhos. A ideia do uso de máscaras é propor um exercício de colocar-se no lugar do outro, com vistas à inclusão, diz o organizador.
As obras do Festival contam com os recursos de audiodescrição, legendas descritivas e Língua Brasileira de Sinais. A audiodescrição permite ao público com deficiência visual (pessoas cegas ou com baixa visão) ter acesso aos filmes através da descrição dos elementos visuais da obra. Pesquisas demonstram que esse recurso beneficia, ainda, espectadores com autismo, Síndrome de Down, deficiência intelectual e déficit de atenção.
As legendas e a janela de Libras trazem acessibilidade ao público com deficiência auditiva. Além dos filmes acessíveis, o Festival promove uma recepção acolhedora do público, para que todos se sintam bem e possam aprender uns com os outros a partir das sessões de cinema.
“Tivemos casos de pessoas que fizeram curso de Libras para poder se comunicar com pessoas surdas a partir da experiência que tiveram nas edições anteriores. O Festival Kids é muito mais do que a exibição de filmes acessíveis. Trata-se de uma oportunidade de troca e aprendizado”, afirma Schames.
No âmbito educacional do projeto, está prevista a formação de educadores inclusivos, através de duas grandes ações: a capacitação de professores das escolas públicas em inclusão social, em oficinas de seis horas, para grupos de até 25 professores; e a exibição de filmes acessíveis com um debate após a sessão.
Lei de Inclusão
Apesar de instituída desde 2015 para reforçar o direito das pessoas com deficiência, a Lei Brasileira ainda não pegou integralmente. “As leis existem, mas na prática não são cumpridas. Por isso entendemos que projetos como esse, que promovem a acessibilidade e inclusão de todos, ainda são fundamentais”, conclui Schames.
O Festival de Cinema Acessível Kids, assim como o Festival de Cinema Acessível, segue os direcionamentos presentes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU nos ODS 4, ODS 8 e ODS 10.
Sobre a OSC Mais Criança
A OSC atua na defesa e promoção dos direitos humanos para a inclusão social, desenvolvendo e adotando tecnologias e abordagens inovadoras com a acessibilidade universal. Tem como referência os ODSs, em especial aqueles voltados para o desenvolvimento socioambiental, a educação, a cultura e a saúde, em busca de uma sociedade democrática equitativa e com acesso e participação de todos e de todas
Festival de Cinema Acessível Kids, em Florianópolis
Nos dias 23 e 24 de outubro, às 10h, será exibido o filme “Meu Malvado Favorito”, no Cine Show Beiramar Shopping, à rua Bocaiuva, 2.468 – 1002, no Centro da cidade, com entrada franca.
Para o público esclarecer dúvidas sobre as sessões, o número do WhatsApp da Mais Criança é 51-995945558 e o e-mail contato@maiscrianca.org.br.
No dia 25 de outubro, das 9h às 17h, acontece a Oficina “Educadores Mais Inclusivos”. Entre os assuntos abordados, estão o “Viés Inconsciente”, “Diversidade, Equidade e Inclusão” e “Grupos Diversos”. A oficina acontece à rua Ferreira Lima, 82, Centro.