Para o filósofo e sociólogo Roberto Mangabeira Unger, o Brasil precisa de um novo pacto desenvolvimentista para que possa se desvincular da política atual extrativista e arcaica. O professor de Harvard, que por duas vezes foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil, acredita que a união da inteligência humana com os recursos da natureza pode oferecer respostas para os problemas enfrentados pelo país, com soluções inovadoras e sustentáveis para os desafios da sociedade moderna.
Mangabeira defende que essa parceria simbiótica entre sociedade e meio ambiente é essencial e lançou o projeto “União da Inteligência com a Natureza”. O filósofo afirma: “Não podemos mais ver a natureza como um recurso a ser explorado, mas sim incentivar pesquisas científicas e tecnológicas voltadas para a sustentabilidade, além de fortalecer políticas de conservação ambiental e inclusão social”.
De acordo com a proposta do professor de Harvard, ao combinar o conhecimento científico e o respeito à natureza, o Brasil pode construir políticas públicas mais eficientes e responsáveis, que beneficiem tanto as pessoas quanto o meio ambiente. O projeto “União da Inteligência com a Natureza” propõe a adoção de medidas concretas, como o incentivo à pesquisa e tecnologia voltadas para a sustentabilidade. Para o sociólogo, a iniciativa fortalece políticas de conservação ambiental e de inclusão social, garantindo que todos os setores sejam contemplados.
Mangabeira critica a falta de um projeto para o Brasil. “Qual é o projeto do governo Lula atual? É compor-se com o mercado financeiro, aceitando a ascendência do rentismo financeiro. Segundo, distribuir esmola aos pobres, o pobrismo. E, terceiro, vender soja, carne e minério de ferro. Esse é o projeto, ou o anteprojeto”, contesta ele. E acrescenta: “Em vez de tentar abrir os olhos do presidente Lula, tratemos de abrir os nossos próprios olhos. A prioridade de Lula deveria ser a qualificação produtiva da capacitação, mas o Brasil está afundando no primitivismo produtivo e educacional”.
Segundo Mangabeira, diante da falta de ação também dos partidos, cabe aos cidadãos trabalharem para mudar o país. “Os partidos deveriam se posicionar em relação a isso, mas nós não podemos esperar agora da elite política. Se os políticos não resistirem a essa situação, nós, os cidadãos, temos que falar pelo Brasil”, finaliza o ex-ministro.
Sobre Roberto Mangabeira Unger
Roberto Mangabeira Unger foi, por duas vezes, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil, nos governos Lula e Dilma, e é autor de obras sobre a sociedade que já repercutiram em grande parte do mundo. Nas eleições de 2022, trabalhou junto ao candidato Ciro Gomes, de quem é bastante próximo há anos e com quem divide a autoria do livro “O Próximo Passo: uma Alternativa Prática para o Brasil”, pela Editora Topbooks (1996).
Sua obra de pensamento social, considerada uma alternativa radical ao marxismo, foi descrita por Geoffrey Hawthorn, da Universidade de Cambridge, como “a teoria social mais poderosa da segunda metade do século XX”. Perry Anderson descreveu-o como “inteligência filosófica do Terceiro Mundo que virou a mesa como crítico e profeta do Primeiro Mundo”.
Unger é autor de diversos livros, como “Depois do colonialismo mental: repensar e reorganizar o Brasil” e “A economia do conhecimento”, ambos pela editora Autonomia Literária, publicados em 2018.
Atualmente, reside em Cambridge, Massachusetts, onde leciona na Universidade de Harvard e desenvolve suas outras atividades profissionais.