A cannabis mostrou-se promissora no tratamento da dor crônica em cães, de acordo com um estudo realizado pela Universidade Paranaense – UniPar. A planta, conhecida por seus benefícios terapêuticos, incluindo o tratamento de dores neuropáticas, inflamações e osteoartrite, tem sido cada vez mais utilizada na prática veterinária.
O estudo buscou identificar as características da utilização medicinal da Cannabis sativa no tratamento da dor crônica em cães, utilizando um de seus compostos ativos, o canabidiol (CBD). Para isso, uma revisão bibliográfica foi realizada, incluindo estudos experimentais e relatos de caso encontrados em bases de dados eletrônicos.
Apesar da disponibilidade limitada de estudos específicos sobre o uso de CBD em animais, os resultados sugerem que essa substância pode ser eficaz no controle da dor em cães. Dos 54 estudos analisados, ficou evidente que a pesquisa em medicina veterinária ainda está em estágio inicial, sendo a maioria dos estudos clínicos voltada para a medicina humana.
No entanto, os estudos disponíveis até o momento demonstraram a eficácia do CBD como uma nova alternativa no controle da dor em animais. A utilização do composto proporciona melhores condições de vida e conforto para os pacientes, destacando a importância do seu manejo adequado na prática clínica veterinária.
A procura pelo CBD para animais domésticos por parte dos tutores tem crescido bastante, “visto que a popularização do tratamento com a planta se faz presente na medicina humana. Entretanto, até a presente data não foi regulamentada pela Anvisa para uso veterinário”.
Embora mais pesquisas sejam necessárias para aprofundar o conhecimento sobre o uso de Cannabis Sativa e seus derivados em animais, os resultados preliminares indicam um potencial promissor para o tratamento da dor crônica em cães. Essa descoberta abre portas para a investigação de novas terapias e opções de tratamento, proporcionando uma melhoria significativa na qualidade de vida dos animais afetados pela dor crônica.
UFSC inicia cultivo de cannabis para aplicação em pesquisa na área da veterinária
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) deu o primeiro passo para o cultivo, preparo, produção, fabricação, depósito, porte e prescrição de derivados da cannabis, que serão utilizados em uma pesquisa da aplicação da planta na área da medicina veterinária
Dentro de cinco a seis meses, pesquisadores do Campus de Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), liderados pelo professor Erik Amazonas, esperam começar a produzir os extratos de cannabis a partir de plantas cultivadas em laboratório. Recentemente, foram plantadas 120 sementes de mesma genética certificada de uma variedade rica em canabidiol (CBD), substância já amplamente empregada na produção de medicamentos.
Estes são os primeiros desdobramentos da permissão concedida pela Justiça Federal, no fim de 2022, para que o professor possa realizar o cultivo, preparo, produção, fabricação, depósito, porte e prescrição de derivados da Cannabis sativa. Os extratos serão utilizados em uma pesquisa da aplicação da planta na área da medicina veterinária, da qual ele é um reconhecido pesquisador.
Segundo informações do portal da UFSC, as mudas serão cultivadas em estufa própria para cultivo e pesquisas agronômicas do Campus de Curitibanos – espera-se uma taxa de germinação entre 90% e 95%. Enquanto as plantas crescem, o professor pretende importar insumos de parceiros para já obter extratos para pesquisas.
A extração dos óleos será feita na própria Universidade. “Temos o Laboratório Multiusuário de Análise Instrumental (Lamai) no Campus de Curitibanos, coordenado pelo professor Cristian Soldi, que tem condições de realizar extrações alcoólica, hidroalcoólica, por ultrassom, dentre outras. Um dos desdobramentos de pesquisa que iremos abordar é o desenvolvimento de diferentes métodos de extração e de formulações para uso veterinário”, explica Amazonas.
De acordo com o professor, o Centro de Ciências Rurais (CCR) tem condições de analisar, avaliar e garantir a qualidade dos óleos, contudo os pesquisadores também pretendem fazer parcerias com outras instituições para ampliar o rol de compostos avaliados entre os diferentes laboratórios, de modo a analisar qualitativamente os extratos de forma mais completa.
No Brasil, por volta de 230 produtos à base de cannabis já estão disponíveis no mercado que podem ser consumidos por pets. Os dados fazem parte do relatório “Cannabis no Mercado Pet”, da Kaya Mind, empresa de inteligência do setor.
Segundo o relatório, o uso regular de cannabis medicinal beneficiaria 555.252 pets, sendo 498.629 cães e 56.623 gatos.