Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 continuam e a Equipe Paralímpica de Refugiados já alcançou marcos históricos com a conquista de duas medalhas de bronze que representam os esforços, a dedicação e a superação dos 120 milhões de pessoas deslocadas à força ao redor do mundo.
A afegã Zakia Khudadadi e o camaronense Guillaume Junior Atangana, ambos atletas refugiados, foram agraciados em suas respectivas categorias, mostrando que as pessoas refugiadas podem atingir seus sonhos se oportunidades lhes forem oferecidas.
Zakia Khudadadi brilhou no Grand Palais na semana passada (29/08), conquistando o bronze na categoria K44-47 kg do Para taekwondo. Em uma performance cheia de determinação, Zakia Khudadadi venceu sua adversária turca, Nurcihan Ekinci, nos últimos segundos da luta, garantindo a primeira medalha da história para a Equipe Paralímpica de Refugiados.
“Estou tão, tão feliz, porque hoje é o sonho da minha vida. Esta medalha é para todos os refugiados do mundo”, declarou Zakia, emocionada. Ela ganhou as manchetes após uma fuga angustiante, arriscando a vida para fugir de seu país poucos dias antes dos Jogos de Tóquio 2020. Ela vive na França desde então.
Após a vitória, Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), parabenizou-a. “Parabéns, Zakia, pela primeira medalha da história da Equipe Paralímpica de Refugiados! Estou muito orgulhoso de você; a medalha é sua”, disse.
Essa conquista pavimentou o caminho para a segunda medalha da equipe, que veio no domingo (01/09) com Guillaume Junior Atangana, que se destacou no atletismo masculino de 400 metros T11, conquistando o bronze. Com um tempo pessoal recorde de 50:89, ele mostrou ao mundo o poder da perseverança e da autoconfiança.
“Estou muito feliz por ter esta medalha. Isso mostra que o movimento paralímpico está impulsionando os refugiados e é uma honra para mim: escrevi meu nome na história”, disse Guillaume.
Durante a infância, a visão de Guillaume falhou gradualmente até que, aos 12 anos, ele perdeu completamente a visão, interrompendo o seu sonho de jogar futebol profissional. Correr o ajudou a restaurar a confiança e o amor pelos esportes. “Quando eu acabei de perder a visão, não foi fácil para mim; eu estava preocupado em andar. Mas quando eu corria, não me sentia preocupado”, disse ele.
Ele disse que competir em Paris envia uma mensagem para outros refugiados e pessoas com deficiência de que “tudo é possível”. “Quero mostrar ao mundo que ser cego não significa que sua vida acabou; você ainda pode fazer grandes coisas”, afirma o atleta.
As histórias de Zakia e Guillaume são um testemunho da resiliência das pessoas refugiadas. Zakia, além de ter uma carreira esportiva, é uma defensora dos direitos das mulheres. Guillaume, após perder a visão, encontrou nas pistas de atletismo uma maneira de recuperar a confiança e o amor pelo esporte.
Essas conquistas colocam a Equipe Paralímpica de Refugiados no mapa dos Jogos de Paris 2024, representando a esperança e os sonhos das pessoas forçadas a se deslocar ao redor do mundo, incluindo cerca de 18 milhões com deficiência.
A equipe, que cresceu significativamente desde a primeira participação nos Jogos do Rio 2016, continua a mostrar ao mundo que as pessoas refugiadas, independentemente das adversidades, podem alcançar o topo de esportes de alto rendimento.
O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, e a Vice-Alta Comissária do ACNUR, Kelly Clements, expressaram sua admiração e orgulho pelas conquistas dos atletas. “Zakia e Junior representam o que há de melhor no espírito humano. Suas medalhas são mais do que vitórias pessoais; são um símbolo de esperança para milhões de refugiados em todo o mundo”, declarou Grandi.
Clements destacou que os atletas “mantiveram seus sonhos de se tornarem campeões vivos, apesar das adversidades contra eles. Eles exemplificam a coragem, a perseverança e o trabalho árduo que os refugiados colocam na construção de novas vidas e oportunidades”.
Com duas medalhas já garantidas e mais competições por vir, a Equipe Paralímpica de Refugiados continua a inspirar, provando que, apesar das circunstâncias adversas que os fizeram se deslocar e buscar proteção em outros países, suas conquistas marcam o potencial que eles têm, seja no esporte, seja na vida.
Esta é a terceira vez que a Equipe Paralímpica de Refugiados compete nos Jogos. A primeira equipe, composta por dois atletas refugiados, competiu nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016. A equipe cresceu para seis em Tóquio 2020 e, em Paris, oito atletas refugiados e dois guias estão competindo em seis dos 22 esportes — atletismo, halterofilismo, tênis de mesa, taekwondo, triatlo e esgrima em cadeira de rodas.
Com duas medalhas conquistadas, a Equipe Paralímpica de Refugiados está superando o já extraordinário feito da Equipe Olímpica de Refugiados, que teve um sucesso épico em Paris 2024, ganhando sua primeira medalha, um bronze no boxe feminino.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está em parceria com o Comitê Paralímpico Internacional (CPI), o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Fundação Olímpica para Refugiados para apoiar os refugiados nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em Paris, com a Equipe Paralímpica de Refugiados competindo sob a bandeira do CPI.