O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2022, apontou que os cursos de graduação presenciais e das universidades públicas tiveram desempenho superior do que os ofertados à distância e ligados a faculdades privadas.
O Enade é um dos principais critérios de avaliação de qualidade de cursos do ensino superior. Ele indica se a universidade está preparando bem os seus alunos para os desafios do mercado de trabalho.
Pela legislação vigente, outros aspectos também são levados em conta, como corpo docente, infraestrutura, organização didático pedagógica também devem ser considerados para este fim, incluindo avaliação realizada por especialistas.
Os dados do exame realizado por estudantes do último ano, foram divulgados hoje pelo MEC – Ministério da Educação e pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, e apontam que a maioria das matrículas de cursos presenciais alcançou as notas de 3 a 5, já os estudantes de EAD (Ensino a distância), concentraram as médias entre 2 e 3.
EAD responde por metade das matrículas
O conceito de avaliação do ENADE é de 1 a 5. De acordo com o INEP, o EAD representa 48,7% das matrículas dos cursos avaliados. Além de direito e administração, o exame avaliou alunos concluintes dos cursos de ciências contábeis, jornalismo, psicologia, relações internacionais, publicidade e propaganda, entre outros.
Para Rodrigo Bouyer, avaliador do INEP e sócio diretor da BrandU Consultoria Educacional e da Somos Young, o resultado do ENADE reflete muito o que vem sendo discutido sobre os cursos à distância e a qualidade do ensino ofertado.
Traz também à tona a importância de debater o retorno ao equilíbrio entre oferta de educação presencial e à distância, com qualidade e regulada pelo MEC, nos país. Essa questão de formação de professores não deve ser citada, pois refere-se ao ensino básico.
“Com o avanço da tecnologia e a crescente demanda por educação, o EAD tem se tornado uma opção cada vez mais acessível para aqueles que buscam ingressar no ensino superior. No entanto, mesmo que a metodologia ofereça boas oportunidades, falta de interação pessoal, baixa troca de dúvidas e falta de disciplina e ma otivação em alguns casos, podem vir a prejudicar a qualidade profissionalizante”, diz.
Nenhum curso de ensino superior avaliado pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), em 2022, conseguiu o resultado esperado de 60 pontos. O exame avaliativo foi aplicado para 26 cursos de bacharelado e tecnológicos ligados à área de gestão, 13 de formação de bacharel e 23 tecnológicos.
Públicas na ponta de cima. EAD desaponta no ENADE
“As instituições sem fins lucrativos apresentaram melhor desempenho nas extremidades das análises do que aquelas com fins lucrativos” (Rodrigo Bouyer)
As universidades públicas, sejam elas federais ou estaduais, têm mais estudantes nas faixas maiores do conceito (4 e 5), já as matrículas das privadas se concentram nos índices 2 e 3. Nas universidades com fins lucrativos, 853 mil matrículas alcançaram média 2, lembrando que as instituições particulares são as responsáveis pelo maior número de estudantes.
“As instituições sem fins lucrativos apresentaram melhor desempenho nas extremidades das análises do que aquelas com fins lucrativos, com conceitos de qualidade maior que 4 e 5. No que se refere a instituições com fins lucrativos, grandes grupos de educação em EAD destoam negativamente. Isso ocorre porque instituições sem fins lucrativos são caracterizadas pelo maior volume proporcional de investimentos na qualidade de seus cursos”, explica Rodrigo Bouyer.
Apenas 5,5% dos cursos alcançaram nota máxima (5), dos quase 10 mil cursos avaliados apenas 487 se destacaram. Foram avaliadas mais de 1,7 mil instituições, sendo 86% privadas e 14% públicas.
MEC anuncia mudanças na avaliação da Licenciatura
O Ministro da Educação informou que a partir do próximo ano (2024), os cursos de licenciatura serão avaliados anualmente, não a cada três anos. Hoje, o ENADE é aplicado anualmente, mas os cursos são divididos em três grupos.
Direito apresenta resultados aquém do esperado
Um dos cursos com resultados mais baixos da avaliação foi registrado no Curso de Direito, mais de 30% das instituições privadas tiveram nota baixa na avaliação. Nas públicas as médias foram 4 e 5. O MEC avalia, atualmente, autorizar a liberação dos cursos a distância para direito, enfermagem, odontologia e psicologia.
De acordo com o Questionário do Estudante, predominam entre os estudantes: mulheres (59,6), brancas (52,9%), solteiras (67,9%), pais sem graduação (67,2%), pessoas com renda familiar entre 1,5 e 4,5 salários mínimos (69%) e indivíduos que trabalham 40h semanais ou mais (51,4%).
Na educação presencial, a maioria dos concluintes são jovens de até 24 anos, enquanto no ensino a distância (EAD), a faixa etária predominante é dos 31 aos 40 anos.
31,6% dos estudantes que responderam aos questionários são beneficiados por subsídios ou financiamentos públicos.
18,2 % dos concluintes de instituições públicas e 2,8% de instituições privadas receberam algum tipo de auxílio permanência.
43,1% dos concluintes de instituições privadas receberam algum tipo de bolsa e 9,9% algum tipo de financiamento.