Não é de hoje que metrópoles como Londres, Paris e Lisboa impõem restrições a carros a combustão como forma de incentivar a compra de veículos elétricos e o uso do transporte público. Megacidades estão aderindo à força-tarefa global para mitigar os efeitos da crise climática. Nesta semana, a capital francesa aprovou uma medida que obriga donos de SUVs a pagarem mais quando forem estacionar nas ruas.
Quanto maior e mais pesado for o automóvel e mais poluente for o motor, maior será a taxa para estacionar na rua. Apesar de o peso do veículo ser levado em conta, a lei deverá isentar carros elétricos – que naturalmente são mais pesados devido à bateria – da cobrança extra. A prefeitura não divulgou mais detalhes sobre a medida, mas a expectativa é de que a lei entre em vigor no dia 1º de janeiro de 2024.
Segundo Frédéric Badina-Serpette, conselheiro do partido que propôs a medida, o foco está em impedir a proliferação de carros grandes e pesados (e consequentemente mais poluentes, no caso de modelos a combustão) em Paris. Para o Le Figaro, afirmou não haver sentido ser dono de um utilitário em uma metrópole:
“Gostaríamos que a cidade de Paris mudasse o preço do estacionamento pago para torná-lo progressivo de acordo com o peso e o tamanho dos veículos”, disse o ecologista Frédéric Badina-Serpette no hemiciclo, numa proposta que conta já com o apoio da autarquia e do executivo francês.
Autobesidade
Badina-Serpette, ativista que pertence ao partido Os Verdes (EELV), chama o problema de ‘autobesidade’, justificando que “entre 1960 e 2017, o peso das viaturas aumentou em média 62%, a sua largura 14%, e a sua altura 21%” e que isso tem impacto direto na cidade, até porque os carros SUV representam já 15% dos 1,15 milhões de veículos particulares que são estacionados nas ruas de Paris, lê-se no jornal francês.
Zona de baixa emissão
Paris já instituiu a “Zona de Baixas Emissões”, que proíbe veículos mais poluentes de circularem em 47 zonas da cidade. Para isso, carros, comerciais leves, ônibus e caminhões são obrigados a usar um adesivo que indica qual é a categoria ambiental que se enquadra – definidas pelo nível de emissão de gases poluentes. Quem descumprir a lei, pode pagar multa de até 375 euros, ou pouco mais de R$ 2 mil na conversão direta. Nova tabela de preços entra em vigor no dia 1 de janeiro.
No entanto, para não penalizar os residentes que não têm outra opção a não ser o seu próprio SUV, está prevista a aplicação de uma tarifa solidária adaptada às famílias com rendimentos mais baixos.