Com resgate da ancestralidade e das diversas manifestações culturais brasileiras, a estilista indígena Day Molina alcança reconhecimento internacional. Sua marca valoriza a potência criativa do feminino, e desperta a luta por maior diversidade na indústria da moda. Uma trajetória que merece ser contada e conhecida.
Há mais de uma década no ramo da moda, a estilista Dayana Molina almeja um maior protagonismo para os criativos indígenas. Criada em Niterói (RJ), tem família com origem na aldeia indígena Fulni-ó, em Pernambuco. Day é dona da marca NALIMO, que comprometida com a responsabilidade ambiental, conta com peças próximas ao estilo minimalista e com códigos ancestrais. A estilista foi uma das convidadas do Baile da Vogue de 2022, “uma mulher indígena descolonizando esse espaço embranquecido e tradicionalmente elitista, é ato político”, disse em seu Instagram.
Sua carreira começou quando, ainda durante o período em que cursava sociologia, passou a trabalhar como figurinista em um atelier. A experiência foi tão transformadora que a levou a seguir o caminho da moda.
“Quando eu decidi fazer o freela nesse atelier, eu não tinha noção de que essa pequena movimentação transformaria muita coisa na minha vida. Foi nesse lugar que eu dei os meus primeiros passos na carreira, e ali, eu entendi que queria mesmo estudar moda”, relembra a estilista.
Nessa época, Day ganhou uma bolsa para estudar Direção de Arte na Argentina, onde entendeu que a estrutura colonizada e racista na indústria da moda não fazia parte apenas da realidade brasileira, mas sim, global. “Foi quando eu comecei a aprofundar a minha pesquisa para questionar quem são os criadores indígenas atuando na indústria da moda. E naquela época não existiam pessoas indígenas protagonizando lugares de liderança, de opinião, ou atuando como designers”. Com o tempo, Day reflete sobre a Nalimo, sua marca que não é só uma marca de moda, diz ela: “é um movimento de vanguarda, é um movimento de profunda coragem de tocar em assuntos que antes não eram falados dentro da indústria da moda. E eu sempre digo que o meu grande viés de empoderamento foi a intelectualidade”, conclui.