O desafio está em alta no setor que só cresce no Brasil e no mundo, o de inovações. A Expo Favela Nacional, feira do empreendedorismo que integra a periferia com os grandes centros de negócios e entretenimento aconteceu nos dias 17, 18 e 19 de março em São Paulo e reuniu artistas, empreendedores, investidores, políticos, apoiadores e integrantes das comunidades de periferias de mais de 20 Estados brasileiros.
A Expo Favela teve sua terceira edição Nacional no World Trade Center na capital mais integrada aos negócios do país. São Paulo recebeu empreendedores das áreas de Tecnologia, Games, Arte, Música, Cinema, Literatura, Beleza, Empreendedorismo que mostraram seus serviços, projetos, palestras e muita diversidade dentro e fora do complexo de atividades do World Trade Center.
Terminadas as atividades da edição nacional, a Expo Favela vai percorrer todo o país com seletivas em mais de 20 Estados. Os projetos selecionados irão participar da Expo Favela Nacional na Expo Center Norte na cidade de São Paulo/SP no segundo semestre de 2023.
Tempero brasileiro no mundo dos negócios
Nem sempre a favela pode mostrar o quanto é produtiva e empreendedora e é para isso que a Expo Favela surgiu, para dar voz e vez a nossas comunidades, explica o fundador da Central Única das Favelas (CUFA) no RJ Celso Athayde e uma dos idealizadores da Expo Favela.
“Moradores de favelas brasileiras que já tenham seu próprio negócio, independente do tamanho e estágio do empreendimento podem participar. O intuito é mostrar toda diversidade e poder da quebrada, além de diminuir o preconceito e promover os moradores de comunidades de todo Brasil”, diz Athayde.
A participação em eventos da Expo Favela contribui para discussões voltadas às pessoas em vulnerabilidade social e estimula o crescimento econômico de famílias empreendedoras de comunidades de todo Brasil.
“O evento aproxima e estreita relações entre quem quer investir e quem produz, além de integração social, o que ajuda a reduzir as desigualdades sociais”, ressalta.

O evento vem crescendo ano a ano. Em de abril de 2022, reuniu mais de 350 expositores. Na edição de março de 2023, foram 430 participantes e 43 mil visitantes. Criado na Favela do Sapo (Zona Oeste do Rio de Janeiro) e otimista com o Brasil, Celso Athayde vislumbra um crescimento de mais de 30% na próxima edição do Favela Expo.
“O maior momento da @expofavela foi quando eu andava na feira uma mãe me parou e disse: eu trouxe meus filhos aqui para eles saberem desde cedo que favela não é carência, que favela é isso que eles estão vendo aqui, potência”. (Celso Athayde)
Para a coordenadora da CUFA Florianópolis, Bruna Santos, a capital catarinense tem grande parte nessa espécie de grande conferência de arte, cultura, inovação e negócios com profunda conotação social.
“Desenvolvemos aqui diversos projetos e integramos empreendedores que antigamente nunca teriam a chance de participar de feiras de negócios porque são lugares caros para locar e vender produtos e ideias”, destaca a coordenadora local.

“É a oportunidade perfeita para as comunidades mostrarem seu trabalho, sua criatividade e seu desempenho com os negócios”. (Bruna Santos)
Bruna explica que dentre os temas da Expo Favela, a cultura tem muito destaque.
“Vários artistas mostram sua arte e seus trabalhos como formas de representatividade e inovação, de uma maneira totalmente autêntica e bonita,” salienta Bruna.
A cultura da favela é uma referência muito importante na Feira, com sua expressão artística.
“A cada edição, temos mais adesão e ascensão de narrativas plurais de nossas comunidades. O morro desce pro asfalto de forma crescente e ocupa um espaço importante no setor de serviços, inovação, tecnologia e empreendedorismo”, relata.
Empreender para fugir do desemprego e precarização
Segundo dados do maior instituto de pesquisas sobre favela no mundo @Datafavela, a taxa de desemprego é 3 vezes maior nas favelas do que nos centros urbanos em todos os Estados brasileiros, o que torna os moradores potenciais empreendedores. É o corre pela sobrevivência com dignidade no território quase sempre esquecido pelo estado. São 18 milhões de pessoas moradores das comunidades, um dos maiores mercados produtores de riqueza e também de consumidores que existe.
A representatividade dos negócios e o empreendedorismo faz parte das estratégias de sobrevivência. A favela não produz apenas riqueza, mas atua na diminuição das desigualdades sociais, à partir da geração de renda. Une empreendedores e investidores, mostrando cultura, arte e negócios numa pegada que só ela sabe dar. Até porque, o morador de comunidade sabe o quanto ainda é difícil conseguir um emprego de Carteira assinada.
Conforme o Datafavela, 60% dos 18 mil moradores do morro já mentiram sobre o endereço residencial para conseguir uma vaga de emprego. A pesquisa traça um raio X de desigualdades e ao mesmo tempo do poder de consumo estimado em 41 bilhões de reais por ano nas comunidades periféricas das cidades brasileiras.
Segundo levantamento da Central Única das Favelas no Brasil (CUFA), visitaram a Expo Favela cerca de 45 mil pessoas na edição desse ano. A expectativa, é um avanço grande de negócios para as próximas edições. No rastro da Expo Favela Innovation SP, ocorrem as seletivas dos trabalhos em mais de 20 estados brasileiros, inclusive Santa Catarina. Outra boa notícia: a Expo Favela ofertará, por meio de parcerias e apoiadores, mais de 5 mil bolsas de estudos.
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