Um dos problemas de grandes eventos públicos, sem dúvida, é o lixo acumulado pelas ruas, que envergonha, suja a cidade e acarreta problemas ainda mais complicados, como as enchentes. Lazer, cultura, negócios, turismo, alegria, tudo se mistura no carnaval, mas não podemos esquecer os trabalhadores mais desafiados no período, os profissionais da coleta de lixo e a cadeia produtiva da reciclagem. São eles que recolheram as toneladas de resíduos e lixos dos mais diversos: papel, latinha até grandes quantidades de garrafas de vidros, que são perigosíssimos se deixados jogados em locais inadequados.
Em Florianópolis, o evento de abertura do Carnaval, o tradicional Berbigão do Boca, foi piloto para um projeto de “Lixo Zero” que, segundo a Prefeitura, recolheu em apenas uma noite cerca de 3,2 toneladas de recicláveis. Bares e os eventos de rua foram orientados a encerrar às 2 da madrugada para a entrada do bloco de trabalhadores da Comcap, encarregada da limpeza pública.
Durante o reinado de Momo, a Autarquia de Melhoramentos de Capital (Comcap) recolheu 52,8 toneladas de lixo sólido e cerca de 6,3 toneladas de garrafas de vidro colocadas nos pontos de entrega voluntária (PEVs), que foram para reciclagem. No interior da Ilha, onde o Carnaval também costuma atrair grande público, 20 toneladas foram recolhidas em Santo Antônio de Lisboa e outras 10 toneladas no Pântano do Sul e Armação.
Entre as sete cooperativas de recicladores credenciadas à Prefeitura de Florianópolis, a Associação de Coletores de Materiais Recicláveis é uma das maiores da capital. De acordo com o presidente da Associação, Leandro Modesto da Cruz, “a coleta e reciclagem e contribui para a cadeia social, que além de ajudar na renda das famílias que trabalham com o reciclável, impacta direta e positivamente na qualidade de vida e na preservação do meio ambiente. O cidadão pode contribuir com o meio ambiente e com as associações. Fazer a prática da limpeza do lixo reciclável, antes do descarte, retirando os resíduos de garrafas, caixa de leite e recipientes de vidro ajuda muito para todo processo da reciclagem”, ensina Modesto.
Florianópolis ainda tem muito a progredir em relação ao manejo do lixo produzido e descartado nos períodos de grandes eventos. A Prefeitura dispôs de um número que sempre parece insuficiente de lixeiras dispersas e banheiros químicos. Mas, o que pode ser feito para melhorar?
Ampliar parcerias com prestadores de serviço, rede de catadores e recicladores, além de campanhas de conscientização através dos veículos de divulgação como TV, rádio, web e redes sociais para conscientização do público, certamente ajudam. O desafio é grande, e fortalecer a articulação com os representantes da comunidade organizada, as cooperativas de catadores e recicladores, Escolas de Samba e outras entidades carnavalescas, além dos vendedores ambulantes, bares e restaurantes. Quem sabe na próxima edição, né?
O que é o projeto Lixo Zero
O projeto prevê desviar 95% dos resíduos orgânicos e 60% dos recicláveis dos aterros sanitários até 2030. Hoje, Floripa leva seus resíduos para um aterro sanitário em Biguaçu, município vizinho e distante 40 km da capital. Cerca de 90% das 700 toneladas diárias recolhidas na capital acabam inutilizadas pela separação incorreta. O compromisso do Programa Lixo Zero conta com a ajuda da comunidade, que deve fazer a sua parte e separar o lixo seco do orgânico, colocando-o em locais adequados e nos dias específicos de recolhimento.
*Dados Prefeitura Municipal de Florianópolis e Associação de Coletores de Materiais Recicláveis – ACMR
Como chamar a Comcap:
https://www.pmf.sc.gov.br/sistemas/comcap/ecopontos.php
Saiba como são divididos os lixos:
Lixo orgânico: lixo de origem biológica (animal ou vegetal), restos de frutas, verduras e alimentos em geral.
Lixo seletivo: resíduos secos como: papelaria: jornal, revistas, folhetos de supermercado, metais: latas, panelas, potes, sacos e sacolas, baldes, brinquedos, isopor, caixa de leite, canos, tubos, conexões de PVD e radiografias, plásticos em geral.