O legado maior que nós podemos deixar é a descentralização do fomento e a estabilização do Ministério da Cultura como política de Estado, para que não haja um monta e desmonta que prejudique o setor que mobiliza mais de 7 milhões de trabalhadores”, avaliou a ministra Margareth Menezes durante um café com jornalistas negras, na manhã desta terça-feira (25). O evento marca uma das ações do Ministério da Cultura (MinC) em celebração ao Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
“Esse setor [cultural] já tem uma produtividade interessante, setorizado dessa maneira, imagine quando a gente conseguir fazer essa adequação, para que as políticas públicas da cultura cheguem a todos os lugares!”, provocou a ministra.
O encontro, que seguiu o formato de coletiva de imprensa, reuniu jornalistas de veículos convencionais, mídias alternativas, blogueiras e produtoras de conteúdo das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do país. As participações foram nos formatos presencial e online. “Essa ação é inédita para nós do Ministério da Cultura. Acho que isso nos fortalece e a sociedade brasileira precisa conhecer esse coletivo de mulheres negras que têm suas histórias e como suas histórias transformam e reverenciam outras mulheres negras”.
A segregação no campo profissional e nos espaços de poder, assim como a necessidade de políticas públicas direcionadas à população negra também fizeram parte da pauta do encontro. A ministra destacou ações interministeriais, com destaque para a integração entre Cultura e Educação. “É a partir daí que a gente volta para dentro das escolas para reformular essa visão e defender os legados, porque a perseguição na questão da cultura e das religiões de matriz africana, tudo isso passa pelo racismo. E nós estamos buscando um outro lugar e nos somando às ações de outros ministérios nessa criação, nessa reparação”, afirmou.
A morte da vereadora Marielle Franco, que ganhou novos contornos nesta semana com as informações da delação premiada do ex-PM Élcio de Queiroz, também esteve na pauta. “As pessoas negras estão fazendo a revolução sem armas na mão, ao custo de muito sangue, ao custo de muita luta”. E completou: “E a Marielle representa isso, a busca por esse lugar, por esse respeito à vida humana”.
Descentralização
Além da descentralização do fomento à cultura, exemplificado a partir da execução da Lei Paulo Gustavo, que contou com a adesão espontânea de 98,6% dos municípios brasileiros, a realização de eventos culturais de grande porte em todo o território nacional é uma marca do Governo Federal. A realização da COP 2025, em Belém, é um exemplo disso, avalia a líder da Cultura. “Quando o presidente Lula chama esse evento, ele nos dá essa responsabilidade de preparar e fortalecer a região para esse momento”. Missão que o MinC cumpre à frente do Mercosul Cultural e também do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR), que também será realizado na capital paraense no mês de novembro. O megaevento inclui rodadas de negócios, atividades de networking, showcases, mentorias, conferências, mesas de debate e atividades culturais, com um investimento de R$ 1,1 milhão. Leia mais aqui.
Compuseram a mesa a secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga; dos Comitês de Cultura, Roberta Martins; a assessora de Participação Social e Diversidade do MinC, Mariana Braga; e a coordenadora geral de imprensa da Pasta, Sheila de Oliveira.
Crédito: Filipe Araújo/ MinC