A segunda-feira, dia 3 de fevereiro, foi um dia diferente em muitas cidades americanas. Uma série de restaurantes de Washington DC não abriu, como relata a imprensa, que também identificou que dezenas de lojas de Chicago, Illinois, de Houston, Texas, e de Aurora, Colorado, também optaram por manter as portas fechadas. O mesmo se repete, neste momento, em San Francisco, Califórnia, e em Minneapolis, Minnesota, assim como em Miami, Flórida.
Trata-se de uma reedição do “Dia sem Imigrantes”, realizado em 16 de fevereiro de 2017 na esteira do anúncio de uma série de medidas contra imigrantes ilegais, na época anunciadas pelo presidente reeleito, Donald Trump. Agora, ao reassumir o posto e retomar rapidamente a pauta de ampliação das ações contra os cidadãos de outros países que não estão legalizados em solo americano, Trump mais uma vez é contestado por uma série de reações.
A proposta do “Dia sem Imigrantes” é demonstrar, de forma concreta, a importância dos imigrantes para a economia americana. Sem ir ao trabalho, nem levar os filhos à escola, nem ligar a televisão ou consumir produtos, eles buscam demonstrar, de forma concreta, a falta que fariam se não estivessem presentes no dia a dia.
A novidade, em relação a 2017, quando foram reportados casos de demissões, é a maior adesão de empresas, especialmente do varejo e do setor de alimentação, que dependem em grande parte da mão de obra de estrangeiros e decidiram, voluntariamente, nem sequer abrir. O clima, agora como há sete anos, é de terror, como relata o advogado Felipe Alexandre, fundador do escritório de imigração Alfa.
“O que estamos vendo nos últimos dias é uma novidade: a capacidade de mobilização popular contra a perseguição exagerada aos imigrantes não documentadas gera protestos, mas também conta com o apoio das empresas, que entendem a importância destes trabalhadores”.
Fim de semana de protestos
Antes de o “Dia sem Imigrantes” ser organizado, uma série de protestos tradicionais varreu o país nos últimos dias. De Los Angeles, Califórnia, a Dallas, no Texas, passando por estados como Arkansas, Missouri e Geórgia, cidadãos comuns, incluindo nascidos nos país, se uniram a vozes que defendem o tratamento humano aos imigrantes, inclusive os ilegais.
“Todos os americanos sentirão os impactos da agenda anti-imigração de Trump, criando caos e medo nas comunidades de todo o nosso país, ao mesmo tempo que a ação aumenta os custos para as empresas e os consumidores. Todos concordamos que precisamos de uma fronteira segura e ordenada; no entanto, estas ações executivas apenas complicam ainda mais esse esforço, e muitas delas violam os direitos garantidos pela nossa Constituição”, argumentou, por exemplo, o senador Alex Padilla, membro da Subcomissão Judiciária do Senado para Imigração, Cidadania e Segurança Fronteiriça.
As manifestações se tornaram públicas especialmente desde a última quarta-feira, 29 de janeiro, quando Donald Trump anunciou o plano de utilizar a prisão de Guantánamo, em Cuba, para abrigar 30 mil imigrantes ilegais.
“Os imigrantes ilegais identificados pelas blitzes de agentes, realizadas em todo o país, estão isolando os detidos de suas famílias, mesmo quando eles não têm ficha criminal. São ações que violam os direitos básicos à legislação dos Estados Unidos”, aponta Felipe Alexandre. “Recomendamos fortemente que as pessoas que estão com medo da deportação sem acesso à Justiça procurem ajuda jurídica e ao menos deem entrada em algum processo de imigração legal, de forma a reduzir os riscos de passar por processos de extradição violentos e constrangedores”.