Micro e pequenos negócios representativos do setor de alimentos e bebidas participam da Anuga Select Brazil, maior feira do segmento das Américas, com barras e drágeas de chocolate à base de cacau orgânico, cafés de terroir, cultivados em região vulcânica, mel de seiva da árvore bracatinga e castanhas brasileiras de origem controlada, entre outros itens que chamam a atenção em meio a profusão de opções industrializadas.
No evento B2B (empresa para empresas) que acontece em São Paulo (SP) e encerra nesta quinta-feira,11, empreendedores e cooperados inovadores exploram o apelo gourmet da fabricação em escala limitada de alimentos certificados e apostam na sustentabilidade de seus negócios.
A Federação de Apicultores de Santa Catarina (Faasc) aproveita a oportunidade de estar na feira para expor o mel de melato da bracatinga, obtido a partir da seiva da árvore homônima. Exclusivo do planalto sul brasileiro, é mais escuro e viscoso que os similares florais e silvestre e com propriedades medicinais.
“É um mel premiado, exportado para a Alemanha, mas precisamos explorar o mercado interno”, diz o apicultor João Victor Stanga, administrador da marca Sulmel.
Buscar novos mercados e chegar direto ao consumidor final, sem intermediários, está nos planos de Tião Aquino, à frente da Cooperacre, cooperativa de produtores de castanha, que reúne as regiões do Acre, Rondônia, Amazônia, Pará e Amapá. “Queremos tirar o atravessador e agregar o Pagamento de Serviço Socioambiental (PSSA) no custo final, que já é praticado na venda do látex.”
Assim como a castanha, o látex também é oriundo de floresta nativa. E, segundo Aquino, é o Acre e não o Pará o maior produtor do fruto. “O nome tem a ver com o processo final, o beneficiamento, que antigamente era feito no Pará”, explica. Para quem passava pelo stand e não resistia à iguaria, pouco importava de onde a castanha vinha. Afinal, estavam provando a saborosa “Castanha do Brasil”.
Sebrae
Micro e pequenas empresas participam da feira no stand do Sebrae.
“Produtos e serviços diferenciados aumentam a chance de sobrevivência das micro e pequenas empresas”, afirma Luiz Rebelatto, analista da Unidade de Competitividade do Sebrae.
Os chocolates artesanais chamaram a atenção no stand. Com foco em drágeas e barras com alto teor de cacau orgânico da Bahia, valorizados em embalagens coloridas, a fábrica e loja da Clemens nasceram em Brasília com o conceito bean-to- bar (do grão à barra), em janeiro de 2020. “Contamos com o apoio do Sebrae desde o plano de negócios”, lembra o fundador Mário Gisi.
Da região de Minas Gerais, o Sebrae trouxe os cafés da região vulcânica, cultivados também em municípios fronteiriços do Estado de São Paulo, como São Sebastião da Grama. “Percebemos o terroir incrível para a produção de cafés especiais e resolvemos ampliar a nossa marca”, conta Cristina Meirelles, da família proprietária do Café Fazenda Floresta. O produto é vendido em empórios e cafeterias já que as exigências das grandes redes de supermercados, segundo ela, inviabilizam qualquer tipo de parceria comercial.
O programa “Do Brasil à Mesa – produtos de origem”, do Sebrae Nacional, aproveita o evento para divulgar a plataforma digital que cataloga produtores nacionais de alimentos e bebidas diferenciados, como estratégia de promoção e divulgação dos micros e pequenos negócios.
Outra ferramenta que o Sebrae disponibiliza é um autodiagnóstico ESG (sigla em inglês para práticas de gestão responsável que levam em conta o impacto ambiental e social da empresa), disponível em sebrae.com.br/esg. “Adotar práticas sustentáveis não é custo, é investimento”, ressalta o analista da Unidade de Competitividade do Sebrae Bruno Lopes.