A chegada de veículos elétricos importados ao Brasil não para de crescer. No primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado o aumento foi de 646% e atingiu a soma de 400 milhões de dólares. Só no mês de abril, o país importou da China, entre elétricos puros e híbridos, 40,9 mil novos veículos. Uma cifra 13 vezes maior do que no mesmo mês de 2023. O Brasil já representa o segundo mercado de exportação desse tipo de carro para a China atrás apenas da Rússia.
Desde o ano passado tenho sido testemunha de inúmeros lançamentos de marcas e testado diversos desses veículos como Volvo, BYD, Renault e Ford, entre outros. São carros silenciosos, com muita tecnologia embarcada e bastante confortáveis.
Claro que, em primeira análise, carros elétricos contribuem muito para a transição energética, pois não emitem gases de efeito estufa principais responsáveis pelo aquecimento global. Nas cidades então, contribuem muito para reduzir a poluição atmosférica. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) 99% das cidades do mundo registram índices de poluição do ar acima do recomendado. A capital paulista é a cidade brasileira mais poluída e causa a morte de milhares de pessoas todos os anos.
Menos barulho na cidade
Outra consequência positiva no aumento de veículos elétricos é a redução na poluição sonora. Menos barulho é um grande alívio para os ouvidos das pessoas e dos animais.
Todos esses são fatores positivos que devem ser contabilizados nesse movimento que envolve também a substituição por elétricos de ônibus, furgões e caminhões movidos à diesel e que costumam ser ainda mais nocivos à saúde do que os veículos movidos à gasolina.
Nada melhor do que ter uma mobilidade sustentável, não é mesmo? Acho que isso ninguém discute, mas acredito que seja importante fazer uma reflexão quanto as características específicas de nosso país.
Etanol
No final dos anos 70 e começo dos 80 do século passado, foi desenvolvida a tecnologia do álcool combustível que, como toda inovação, passou por seus percalços até atingir a maturidade e hoje é uma realidade totalmente estabelecida e com lugar cativo em nossa frota de veículos.
Esse álcool também chamado de etanol, por influência estadunidense, constitui uma importante cadeia produtiva no Brasil responsável por milhares de empregos. Além disso, esse combustível que tem como fonte principal a cana-de-açúcar, tem contribuído para equilibrar e, praticamente neutralizar a emissão dos gases de efeito estufa, pois libera carbono na atmosfera ao ser utilizado, mas o plantio da cana absorve esse carbono durante o crescimento da planta. Portanto isso deve ser levado em conta, principalmente na decisão das montadoras quanto aos veículos a serem produzidos.
Obviamente, num mercado enorme como o do nosso país existe espaço para muitas opções desde que elas tragam benefícios para a sociedade que deixemos isso bem claro! Num primeiro momento arriscaria dizer que veículos híbridos movidos à eletricidade e etanol reuniram o melhor dos mundos, inclusive quanto a difícil situação do abastecimento elétrico, pois os chamados eletropostos ainda são poucos e, certamente, não atenderiam um crescimento exponencial de veículos 100% elétricos num curto espaço de tempo.
Portanto, além das decisões puramente mercadológicas, precisamos de políticas públicas consistentes que nos auxiliem nessa transição ao mesmo tempo que sejam capazes de preservar empregos e dinamizar a nossa indústria com o que existe de mais moderno e eficiente no mundo.