Uma nova espécie de margarida foi descoberta no Espírito Santo e já está ameaçada de extinção. Restrita aos afloramentos rochosos dessa região, ela já está ameaçada de extinção e corre o risco de desaparecer se não for protegida. A sua descrição foi publicada por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA).
Estrela da Mata Atlântica
A estrela-das-montanhas é um achado importante porque não havia nenhuma descrição de uma nova espécie do gênero Wunderlichia na Mata Atlântica, em cinco décadas. As últimas foram descritas pela ciência em 1973: Wunderlichia azulensis, W. bahiensis e W. senae.
A espécie foi encontrada em maio de 2023 nas proximidades das comunidades de Barra Alegre e Estrela do Norte durante uma expedição. A região é conhecida pelas paisagens que atraem praticantes de esportes radicais de várias partes do mundo.
A biodiversidade dos inselbergues ainda é pouco conhecida. Muitas áreas permanecem inexploradas pela ciência, com baixo esforço de amostragem de sua flora. Foi em um desses afloramentos rochosos capixabas que a estrela-das-montanhas foi descoberta. “Percebemos que era uma espécie nova, devido ao seu pequeno porte, características das flores e folhas diferentes das conhecidas no gênero”, relata Dayvid Couto, coautor do estudo.
Essa suspeita foi confirmada pelo especialista no grupo, Aristônio Teles, ao ver as fotografias da planta feitas no campo e amostras coletadas. “Assim que vi o material, soube que se tratava de um novo táxon”, relata o professor e pesquisador da UFG. “A partir daí, unimos esforços para retornar ao seu habitat, complementar a documentação da população e descrever a nova espécie”.
Lista Vermelha
A estrela-das-montanhas vive sobre as encostas rochosas expostas a pleno sol, misturada com bromélias, orquídeas, quaresmeiras e tantas outras plantas que compõem a vegetação dos inselbergues. A nova espécie está classificada como criticamente ameaçada de extinção, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que mapeia globalmente espécies da fauna e da flora com risco de serem extintas.
“Até onde sabemos, Wunderlichia capixaba é restrita aos inselbergues da região sul do Espírito Santo, em locais acima dos 900 metros de altitude”, explica Vitor Manhães, pesquisador do INMA e também coautor do estudo. “Esses afloramentos rochosos funcionam como ilhas terrestres, pois estão isolados na paisagem, de forma que as espécies que ali ocorrem têm suas populações isoladas umas das outras por um ‘mar de floresta’, atualmente representada por pastagens e plantios agrícolas”.
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O grupo de pesquisadores tem feito esforços para documentar a biodiversidade das ilhas rochosas da Mata Atlântica do Espírito Santo, para subsidiar políticas públicas para a conservação e uso sustentável desses ambientes. A descoberta de uma nova espécie, já ameaçada de extinção, demonstra a necessidade dessas políticas. “Sem elas, muitas espécies de planta podem desaparecer antes mesmo de serem conhecidas pela ciência”, destaca Couto.
Fonte: Agência Bori