Gissa Bicalho é uma das mulheres brasileiras que está na liderança de uma pequenos negócios no País. Gissa exporta, mas quer crescer com a marca Gissa Bicalho Brand Joias no mercado internacional. Silvania Brigano é outra brasileira que empreende no País. Ela é sócia da UnaPele Couros, que produz carteiras, bolsas e sapatos com couro de peixes e tem como meta levar os produtos que fabrica ao exterior.
As duas fazem parte do universo de 10,1 milhões de mulheres que estão à frente de pequenos negócios no Brasil. A informação é da pesquisa Empreendedorismo Feminino 2024, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com base em dados obtidos até o terceiro semestre de 2023. Apesar do tamanho das empresas, parte dessas mulheres é responsável não só por abastecer o mercado interno com seus produtos, mas também por mostrar a cara do Brasil no exterior com a exportação.
O crescimento na última década do número de mulheres na liderança das pequenas empresas no Brasil foi de 33%, segundo o levantamento do Sebrae. E na comparação com a quantidade absoluta dos empreendedores do País, os dados mostram que as mulheres representam 42% do total.
Em comparação ao restante do mundo, o Brasil também se destaca em empreendedorismo feminino. Segundo informações da Global Entrepreneurship Monitor, o País ocupa a 7ª colocação no ranking de nações com mais donas de negócios.
“Todos esses dados mostram ótimas oportunidades para as mulheres. E para tentar ajudá-las, depois da pandemia, o Sebrae criou o programa DELAS, onde empreendedoras recebem seminários, oficinas e consultorias”, diz o consultor de Comércio Exterior e Internacionalização do Sebrae, Márcio Guerra de Carvalho.
O consultor lembra que também a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) criou, em 2023, o Programa Negócios e Mulheres Internacionais para ajudar quem quer exportar. No ano passado, quase 20%, ou 4.054, das empresas atendidas pela ApexBrasil tinham liderança feminina, segundo informações do site da agência.
Para se destacar na hora de exportar e conseguir competir com as inúmeras concorrentes, segundo Márcio, as mulheres precisam criar produtos com diversidade, que devem atender a critérios de maior relevância, de maior exigência, além de contar com as certificações e regulamentações necessárias de cada país.
“Inicialmente essa empreendedora pode desanimar um pouco em razão dos investimentos mais altos para atender a padrões internacionais, mas a médio prazo esse investimento será compensado devido ao maior reconhecimento do mercado”, afirma o consultor de Comércio Exterior e Internacionalização do Sebrae.
Para a empreendedora que quer começar a exportar, o Sebrae indica iniciar pelos mercados mais próximos, como países da América do Sul e/ou que falem a língua portuguesa. “Mesmo distantes geograficamente, os países árabes também devem ser considerados, afinal o Brasil já possui um bom e sólido relacionamento com este mercado.”
Se a empresária se interessa pelo mercado árabe e quer começar a exportar para esta região, segundo Márcio, é importante entender que estes compradores dão um valor maior para a confiabilidade.
“É um mercado que deseja ter confiança e desenvolver um relacionamento com quem está negociando, e que cada vez mais está dando preferência às empresas sustentáveis, isto é, aquelas que se preocupam e tomam atitudes para proteger o meio ambiente.”
Brincos para além das fronteiras
Já exportadora, Gissa Bicalho, dona da marca de joias contemporâneas Gissa Bicalho Brand Joias, está interessada em criar laços comerciais com os países árabes.

Nascida no interior de Minas Gerais, foi durante a adolescência que a empreendedora de 54 anos começou a trabalhar no desenvolvimento das peças com as quais hoje atua. Durante a formação como artista plástica na faculdade, o contato com a área aumentou quando ela participou de feiras com outros artistas para divulgar seus produtos ao redor do País.
Depois de formada, Gissa chegou a ter uma empresa no setor por alguns anos, mas não deu certo. O desejo de trabalhar com joias, no entanto, nunca foi embora, até que a marca atual foi criada em 2014.
“Na época surgiu a oportunidade para eu expor meus produtos em Paris. Deixei meus dois filhos pequenos no Brasil e levei o que consegui fazer de brincos. Vendi tudo por lá e desde então não parei mais”, relembra Gissa.
Nos anos seguintes, a empreendedora mineira fortaleceu sua marca participando de eventos em outros países. Hoje, os brincos coloridos feitos em acrílico com pedras tipicamente brasileiras, já chegaram a mais de 30 países, entre eles Hungria, Japão, Estados Unidos e Turquia.
A brasileira sonha em vender para os Emirados Árabes Unidos. “Para chegar neste novo mercado sei que preciso da ajuda de um parceiro comercial. Acho que estou em busca de uma empresa que seja expert nos insumos que os atraem. Sei que eles gostam do meu design, mas gostam de itens mais chamativos.”
No Brasil, a marca vende através do site e da loja física localizada no Museu do Instituto Inhotim, em Minas Gerais. Com o foco das vendas para o varejo, o comércio se concentra no estado de São Paulo e na região sul do país.
Um destino para o couro de peixe
Silvania Brigano, de 54 anos, da UnaPele Couros, está em uma trajetória de capacitação para chegar ao alcançar o mercado internacional. “Desde abril de 2023, quando fundamos a empresa, estamos no processo de capacitação. Já fizemos alguns cursos pela ApexBrasil voltados para exportação e participamos de uma rodada de negócios no Maranhão com empresários da China, Colômbia, Estados Unidos e África do Sul”, conta Silvania.
“Também participamos do programa Elas Exportam da ApexBrasil e agora estamos prontos para fazer nossa primeira exportação. E pelo que já vimos, posso dizer que os mercados árabes e norte-americanos parecem ser muito promissores para nossa marca.”
Ao lado dos dois sócios, Silvania compra a pele de produtores locais, depois as transforma em couro na fábrica da empresa e na sequência repassa o material para artesãos. Eles transformam a matéria prima em novos produtos que são revendidos no Instagram e site da UnaPele Couros.
Nascida no interior do estado de São Paulo, Silvania trabalhou por muitos anos como farmacêutica, até que resolveu mudar de setor ao se tornar empreendedora. A ideia de criar produtos usando couro de peixes surgiu quando a paulista conheceu a sócia, Katia Elizabeth Mastroto.
“Como pós-graduada em Saúde Rural, comecei a ministrar cursos de capacitação no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Senar, e uma das minhas alunas era Katia. Na época ela filetava peixes e tinha dificuldade para descartar a pele. Até que pensamos, o que pode ser feito com esse couro? E fomos atrás de ideias”, relembra a paulista.
Depois de encontrar diversas formas de reutilizar o couro dos peixes e fazer uma aula de artesanato, as duas decidiram contratar artesãos para criar peças únicas e levaram o negócio adiante.
Fonte: ANBA