A malária é transmitida por mosquitos do gênero Anopheles que picam pessoas infectadas e se alimentam de sangue que contém o parasita Plasmodium. Antes de infectar outro ser humano, o parasita precisa completar parte de seu ciclo de vida dentro do mosquito, atravessando a parede intestinal do inseto e alcançando suas glândulas salivares. É nesse ponto que a nova pesquisa, publicada na revista Nature, atua: ela impede que o parasita consiga se desenvolver no mosquito, interrompendo a transmissão antes mesmo que ela chegue aos humanos.
O trabalho foi liderado por cientistas da University of California, San Diego, e da Johns Hopkins University, com participação do professor Rodrigo Malavazi Corder do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.
O alvo da intervenção foi um gene do mosquito chamado FREP1 (Fibrinogen-Related Protein 1), responsável por codificar uma proteína necessária para o parasita atravessar a parede intestinal do inseto. Alguns mosquitos apresentam naturalmente uma variante desse gene, chamada FREP1Q, que altera levemente a proteína, dificultando a entrada do Plasmodium falciparum, espécie que causa a forma mais grave da malária.