Conduzido pela Pipe.Social e pelo Quintessa, o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, o levantamento, realizado a cada dois anos desde 2017, traça uma radiografia completa do ecossistema, compondo a maior pesquisa nacional de negócios de impacto.
Os negócios que resolvem problemas sociais e ambientais compõem um modelo em franca expansão no Brasil: o empreendedorismo de impacto. Essas empresas atuam com produtos e serviços que endereçam respostas – tecnológicas, inovadoras e com base em ciência – para desafios contemporâneos nas áreas de inclusão produtiva, saúde, habitação, educação e serviços financeiros, entre outros.
Com um ecossistema mais maduro, os negócios de impacto sobreviveram à pandemia de covid-19 e seguem ampliando os faturamentos, influenciando a criação de mecanismos financeiros de captação de recursos e alimentando novos setores como das Economias Verde e Prateada, além de mercados emergentes como o de Carbono.
Para analisar os movimentos e as tendências, a Pipe.Social e o Quintessa conduziram a quarta edição do Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, que reúne a leitura de 1.011 empresas nacionais e mais de 11 mil empreendedores. O estudo aconteceu com o suporte de 66 organizações espalhadas pelo país, que apoiam os empreendedores.
Entre as análises, percepções e os insights coletados destacam-se a conclusão de que, nos últimos dois anos, houve uma movimentação do ecossistema para dar suporte ao surgimento e crescimento de mais negócios com atuação fora do Sudeste.
Houve, ainda, aumento expressivo de ações para apoiar negócios voltados a territórios específicos;
A pauta climática ganhou corpo com a chegada de capital atrelado ao ESG;
Novas oportunidades governamentais ligadas ao verde e à agricultura sustentável surgiram;
Cresceu o número de soluções de financiamento a negócios de impacto em estágios iniciais;
Há mais suporte à inclusão e diversidade como solução proposta por negócios. Além disso, o pipeline tem empreendedores mais diversos.
Os números mostraram que a maior parte das empresas (58%) ainda tem sede na região Sudeste. No entanto, o impacto gerado por elas está presente em âmbito nacional. A operação destas empresas é de 59% no Sudeste; 37%, no Nordeste; 37%, no Sul; 30%, no Centro-Oeste; e 28%, no Norte.
Sobre o tempo no mercado, as firmas que têm de 2 a 5 anos correspondem a 31% do total pesquisado. Já 29% têm de 5 a 10 anos; 15% desses negócios têm mais de 10 anos, mostrando a maturidade do ecossistema. Outro dado relevante é que 84% dos negócios estão formalizados: 41% são Sociedade LTDA.
“É interessante notar uma tendência: alguns negócios com maior tempo de atuação do mercado geraram spin-offs – lançamento de uma solução que se transforma em um negócio separado, a partir de uma empresa já existente. Em tecnologias verdes, por exemplo, algumas soluções para a agricultura ou para a gestão de resíduos desenvolveram braços de atuação para acolher o aquecimento do mercado de carbono”, analisa Mariana Fonseca, uma das coordenadoras do mapeamento, acrescentando que 84% dos negócios têm fins lucrativos.
O perfil dos empreendedores e a diversidade
O levantamento mostra equilíbrio entre homens (22%) e mulheres (21%) nas empresas.
Os brancos são 33% das equipes; 11% são pretos e pardos; e 1% amarelo e indígena.
Nos dados de orientação sexual, 15% dos negócios têm na equipe fundadores/lideranças que integram o grupo LGBTQIAP+. A leitura sobre pessoas com deficiência aponta que 5% dos negócios declararam ter fundadores e lideranças com esse perfil.
51% dos fundadores/lideranças são homens; 48%, mulheres; e 1%, outros gêneros.
Na faixa etária, considerando uma base de 910 entrevistados, temos: 2% (18 a 24 anos); 8% (25 a 29 anos); 15% (30 a 34 anos); 18% (35 a 39 anos); 16% (40 a 44 anos): 11% (45 a 49 anos); 10% (50 a 54 anos); 5% (55 a 59 anos); 4%(60 a 64 anos); e 2% (65 anos ou mais).
Na escolaridade, a maioria (61%) possui pós-graduação, mestrado, doutorado ou pós-doutorado; sendo seguidas por 29% com ensino superior completo.
“A leitura que fazemos é que há mais maturidade entre os empreendedores. Diminuiu o número de empreendedores entre 18 e 29 anos: em 2021, eram 22% da base. Cresceu o volume de empreendedores maduros, acima de 50 anos: 21% da base está nessa faixa. Comparando com os dados de 2021, acima dos 45 anos, o número subiu de 26% para 32% das lideranças nessa faixa etária. O maior volume, 60%, está entre 30 e 49 anos”, afirma Mariana, acrescentando que há um volume grande de lideranças com um nível educacional elevado, inclusive, entre os com mais de 60 anos.
“Esse dado acompanha tendências de longevidade da população, mostrando que há uma parcela que empreende no momento que antes era marcado como o início da aposentadoria, como mostram estudos da Pipe.Social e Hype60+, como o Tsunami 60+. Um outro ponto importante na análise do perfil é que muitos empreendedores técnicos – vindos de áreas como Educação, Saúde e Ambiental – acabam criando negócios a partir de soluções encontradas em suas formações e expertises em campo”, revela.
Faturamento
O Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental aponta que 29% das empresas faturaram até R$ 50 mil; 12%, de R$ 51 mil a R$ 100 mil; 21%, de R$ 101 mil a R$ 500 mil; 13%, de R$ 501 mil a R$ 1 milhão; 22% entre R$ 1,1 milhão e 10 milhões; e 3%, acima de R$ 10 milhões.
“Na edição anterior, apenas 3% dos negócios declararam faturar mais de R$ 2,1 milhões por ano. Nesta edição, esse número subiu para 15%. Ainda assim, persiste o grande desafio de superação do ‘vale da morte’, com ganho de sustentabilidade financeira e definição de modelo de negócio. Os dados mostram, ainda, que apenas 30% se autodeclaram com sustentabilidade financeira; Dos 66% que declararam faturamento, 75% faturam até R$ 1 milhão/ano”, aponta Anna de Souza Aranha, sócia e coCEO do Quintessa e também coordenadora do Mapa 2023.