Nas últimas décadas, o desenvolvimento tecnológico, a urbanização e a revolução digital aceleraram o desenvolvimento de um conceito novo de cidade, as chamadas cidades inteligentes. Mais do que um conceito, cidades inteligentes fazem um uso estratégico das tecnologias que facilitam e racionalizam a comunicação, gestão, planejamento urbanos e infraestrutura para que seus habitantes desfrutem de uma melhora na qualidade de vida.
A tecnologia como solução x fetiche da tecnologia
Apesar do otimismo e de certa euforia provocada pela profusão de soluções quase que mágicas para problemas concretos das cidades, cada vez mais especialistas chamam a atenção para uma espécie de “fetichização da tecnologia”. Como se este recurso, em si, sempre significasse progresso e a adoção massiva de tecnologias pudesse resolver todos os problemas urbanos. Em razão dessa “fetichização”, o foco nas soluções positivas acaba por inibir o debate público acerca dos erros e problemas da cidade inteligente e que podem impactar a vida das pessoas e a agenda da cidade. Questões como violação de privacidade e segurança, uso excessivo de tecnologia, inclusão social fragmentada, proteção das cidades e suas operações contra possíveis ataques digitais, falta de espaços públicos democráticos e liberdade de expressão não costumam ser amplamente debatidas com a população dessas cidades.
O conceito como peça de marketing
Em meio a grande difusão do conceito, o termo cidade inteligente passou a ser utilizado, em alguns casos, apenas como um rótulo ou marca para promover a cidade, ocultar aspectos específicos ou, ainda, para que ideias tradicionais sejam “reembaladas” com o nome do conceito de cidade inteligente, promovendo iniciativas que não apresentam real contribuição à sua forma efetiva. Nem sempre a sua utilização deste modelo ocorre da maneira adequada ou de forma consistente pelas cidades, por isso, embora muitas se considerem cidades inteligentes, há dúvida se elas realmente o são.
Pelo sim, pelo não, no Brasil, segundo o ranking Connected Smart Cities 2021, Florianópolis aparece como a cidade mais inteligente do Sul do país, e a segunda em nível nacional, atrás apenas de São Paulo (SP).
O evento
Entre as certezas e cada vez mais dúvidas sobre o que realmente torna uma cidade inteligente, ainda há muito a ser discutido e pensado para os próximos anos, em especial no que diz respeito aos principais desafios enfrentados pelas cidades de hoje, como superpopulação, poluição, urgência na transição energética e descarbonização das indústrias, desigualdade social e mobilidade urbana. Por isso, a Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos (Fepese), em parceria com o Consórcio de Inovação na Gestão Pública (CIGA) e o Consórcio Interfederativo Santa Catarina (Cincatarina), e em correalização com a Ordem dos Advogados do Brasil Santa Catarina (OAB-SC), a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SC), promove o Summit Cidades 2023, maior encontro de cidades de Santa Catarina.
Nos dias 26, 27 e 28 de junho, o centro de convenções CentroSul será o palco de diversas experiências simultâneas: feira de negócios, salas de reunião e coworking, apresentações de cases, workshops, treinamentos e palcos interativos sobre diversos assuntos, como inovação e tecnologia, comunicação política e institucional e novas legislações. Até o momento, mais de 100 municípios estão inscritos para participar das atividades. Samara Neiva, curadora do Summit Cidades, conta que na primeira edição do evento, realizada em 2021, a temática central foi o desenvolvimento sustentável. Neste ano, o evento terá cinco grandes áreas e mais de 15 categorias contempladas:
“Vamos falar sobre mobilidade urbana, tecnologia, inteligência artificial, meio ambiente, mudanças climáticas, catástrofes ambientais, entre outros temas, de modo a oferecer uma experiência completa de uma cidade e termos as melhores inovações desenvolvidas dentro das universidades do mundo inteiro.”
Segundo a curadora, a expectativa é receber mais de 5 mil participantes e mais de 100 trabalhos acadêmicos apresentados ao Summit Cidades Academy, braço do evento que oferece a oportunidade de os pesquisadores saírem de dentro dos muros da universidade e entrarem em contato com os tomadores de decisão tanto municipais, como estaduais e federais e as grandes empresas.
— O Summit Cidades busca incorporar a tríplice hélice do desenvolvimento urbano, trazendo o setor público, o setor privado e as universidades. As instituições de ensino são laboratórios vivos ondes as inovações, o conhecimento e a formação das mentes é criada, então levar esses participantes para um evento onde eles possam se comunicar com prefeitos, vereadores, empresários e pesquisadores deixa a troca de conhecimento mais rica e completa para que as cidades possam alcançar um nível de desenvolvimento resiliente, sustentável e inteligente — pontua Neiva.
Summit Cidades 2023
Os ingressos para acompanhar a programação do Summit Cidades 2023 estão à venda. Para participar e saber mais sobre o evento, clique aqui.