A 5ª edição do Festival Jazz Trancoso teve início na noite desta sexta-feira, dia 24 de janeiro, com recorde de público e muita emoção com as apresentações do Trio Couro & Corda, do Buranhém Choro Clube e com a presença poderosa e inebriante de Mateus Aleluia. Para animar o intervalo dos shows, os DJs Paola Vigorito e Tassio Baia, também fizeram presença. Outra atração da noite foi a dançarina Preta Show, que trouxe a alegria da dança às centenas de pessoas que estiveram na Praça do Bosque.
O Grupo instrumental de Choro e Música Popular Brasileira, Trio Couro & Corda foi o primeiro a subir ao palco do Festival. Composto por Michel Neves (bandolim), Sacha Bittar (pandeiro) e Iuri Bittar (violão), os músicos homenagearam nomes importantes da música brasileira como Ernesto Nazareth, Jacob do Bandolim, Radames Gnatalli, Baden Powell, entre outros. Reconvexo, Doce de Coco, Odeon e Tristeza foram algumas das canções interpretadas pelo grupo e que com certeza tocaram, não só as almas brasileiras, como as de todos que presenciaram o espetáculo. A sonoridade ímpar dos artistas emocionou a plateia, extasiada com o poder da música.
A segunda apresentação foi do Buranhém Choro Clube, que também apresentou chorinhos clássicos e memoráveis. O grupo composto pelo saxofonista e flautista Zeca Maretzki, o programador, produtor musical, professor e instrumentista Daniel Gelmi, percussionista argentino naturalizado brasileiro Lionel Tau, o multi-instrumentista Du Txai, e o violonista, cantor e compositor soteropolitano Isaac Moreira, contou ainda com a participação de Sacha Bittar no pandeiro. Homenageando K-Ximbinho, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Ernesto Nazareth, entre outros, o ponto alto da apresentação foi mesmo na canção Carinhoso, de Pixinguinha que, em uníssono, foi entoada pelos presentes.
SHOW
A atração mais aguardada da noite, Mateus Aleluia levou muitas pessoas às lágrimas com sua apresentação trazendo a ancestralidade, suas lutas e sua africanidade com maestria. Dono de uma voz poderosa, o baiano de Cachoeira é um show de simpatia, de resiliência e resistência. Canta as dores, os amores e encanta, ao ponto de suas palavras tocarem o âmago e fazer arrepiar pela força e profundidade.
Mostrando a herança cultural afro, o artista iniciou o espetáculo com ‘Cordeiro de Nanã’ e como uma espécie de mantra, hipnotizou a plateia. Também cantou a Iemanjá e destacou a herança cultural de diferentes povos africanos, em uma data muito simbólica: o Dia Mundial da Cultura Africana e Afrodescendente.
Entoou ‘Despreconceituosamente’ e no compasso, passo lento e manso, encantou o público. Celebrou o ‘Amor Cinza’, que como ele mesmo recita, “o amor há de renascer das cinzas,
vamos festejar o cinza com amor”. Marcou compasso em ‘Fogueira Doce’, o bis da plateia e encheu o coração de nostalgia, com ‘Felicidade’, de Lupicínio Rodrigues. O saldo da noite foi a leveza de se falar dos sentimentos humanos, por diversas vezes sem usar a voz.
Crédito: Awery Fotografia