A ministra da Cultura, Margareth Menezes, discursou em favor de um Brasil unido, de Norte a Sul, para avançar em questões como combate ao racismo e exploração por meio de trabalho escravo durante a abertura do I Fórum Internacional Cultura, Sustentabilidade e Cidadania, no Teatro Estação Gasômetro, em Belém, capital do Pará, nesta segunda-feira (07).
A chefe do Ministério da Cultura (MinC) reiterou seu compromisso em descentralizar recursos da Pasta por meio da Lei Rouanet. “Em breve, voltaremos para fazer um anúncio de incentivo para essa região, sem dúvidas, o maior da história do fomento”, antecipou. O secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, participou do evento e defendeu políticas de Estado para a Cultura, protegendo a área de eventual “aventureiro” que trabalhe para destruir ações voltadas ao setor. Lembrou ainda que 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) vem da economia da cultura e das indústrias criativas.
A secretária estadual de Cultura do Pará, Úrsula Vidal, destacou ser a cultura uma ferramenta de comunicação, de educação e de preservação. “Na Amazônia, somos cultura. O que fazemos, o nosso modo de vida é Cultura e é o nosso modo de vida que preserva.”
“A cultura é o que nos diferencia de outros animais”, frisou em discurso a deputada estadual Lívia Duarte, presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Pará. Alegre e emocionada em ter a ministra no evento, como ela mesma classificou, é simbólico ter uma mulher do povo, trabalhadora da cultura à frente do Ministério. “Viva a cultura da Amazônia e vamos à luta”, convocou.
“Não há como fazer a transição de desenvolvimento para redução de emissões de gases de efeito estufa, de redução de desmatamento, não tem solução que não passe pela cultura e pela educação. Elas são essenciais para essa transformação necessária”, defendeu o diretor de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Eugênio Pantoja.
Margareth também foi descrita como “incrível parceira” do Ministério das Relações Exteriores. “A ministra Margareth, além de tudo, é pé quente, porque nossos filmes em Cannes foram super aplaudidos. Em Veneza, nossa casa ganhou o principal prêmio e nós temos trabalhado muito com a África, começando com a Fundação Palmares, com o João Jorge e fazendo várias atividades conjuntas e, certamente, vamos fazer também com o Estado do Pará e com a Amazônio, não tenho dúvidas”, disse Laudemar Aguiar, embaixador do MRE e secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura. “Salve terra de ricas florestas, salve a terra de rio gigante e salve a terra de gente e cultura fantásticas”, conclamou.
Apesar de lamentar o desmonte profundo da cultura, a ministra disse estar otimista no resgate do setor. “O sistema MinC é uma coisa linda. Passamos por um desmonte profundo. São cabeças pensantes, pessoas diferentes (equipe do MinC). Temos um sentido na direção da reconstrução, no sentido de atender a população”.
Bienal das Amazônias
Foto: Nailana Thiely/Acervo Bienal das Amazônias
A abertura do Fórum contou com a apresentação do grupo de Carimbó, As Sereias do Mar, do município de Marapanim, litoral do Pará. Também na área cultural, o Pará sedia a primeira edição da Bienal das Amazônias promovida pelo MinC, em parceria com o Instituto Cultural Vale.
A Bienal teve abertura na última sexta-feira (4) e segue até 5 de novembro, com exibições de obras de 120 artistas dos nove estados da Amazônia Legal brasileira (Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Tocantins) e de países da região Pan-Amazônica (Bolívia, Colômbia, Equador, Guianas e Suriname, Peru e Venezuela, Equador).
“Todo mundo tem que vir aqui conhecer esse trabalho maravilhoso de encontro de pensamentos, sentimentos e criatividade de imaginação, de reflexão”, chamou a ministra em visita à Bienal, na tarde desta segunda (07).
Ao final do Fórum, foi lançada a Carta de Secretários e Secretárias de Cultura da Amazônia Legal. Assista: