Lançado pelo Google para fazer frente ao ChatGPT, o pioneiro dos chats de inteligência artificial, o programa Bard ganhou versões em português do Brasil e em outros 40 idiomas que estão disponíveis para o público a partir desta quinta-feira (13/7).
A Bigtech resolveu deixar de lado certa cautela em relação ao uso de IA e parte pra cima do concorrente no mercado.
A Microsoft investiu US$ 13 bilhões na OpenAI, a empresa do ChatGPT, que atraiu 100 milhões de usuários com apenas dois meses de existência.
Chatbots como o ChatGPT e agora o Bard respondem perguntas diversas e realizam tarefas que vão desde escrever uma receita mais fácil de bolo de chocolate a montar códigos de programação.
O uso e as aplicações de programas de inteligência artificial levantam uma série de preocupações entre especialistas. Um manifesto com mais de mil assinaturas de figuras de destaque na área pede uma pausa no desenvolvimento de alguns sistemas.
Assim como os criadores do ChatGPT, a Google também alerta para eventuais informações incorretas ou enganosas ofertadas pelo Bard.
O Brasil é um enorme mercado estratégico para a Google. Mais de 90% das buscas por usuários brasileiros são via Google. E a empresa já trabalha com a possibilidade de que os chatbots venham a ser, no futuro, o principal instrumento para obter informação na internet, em substituição aos buscadores.
O Bard pode ser acessado tanto pelo desktop quanto pelo celular atravé do endereço www.bard.google.com. É preciso fazer login com a conta do Google para utilização.
A empresa sugere que o usuário peça dicas de lugares para visitar e roteiros para passeios, conselhos para melhor a produtividade ou iniciar práticas rotineiras (“como ler mais?”), explicações de tópicos complexos e até planos de ação para resolver problemas de vida.
Foram anunciados também os seguintes recursos e atualizações no Bard:
- respostas em áudio, e não apenas por escrito;
- imagens poderão ser usadas nos pedidos de tarefas para o Bard, com auxílio da ferramenta Google Lens;
- as respostas dadas pelo sistema poderão ser ajustadas de acordo com tom e estilo em cinco opções: “simples”, “longo”, “curto”, “profissional” ou “casual” (a empresa diz que esse recurso será disponibilizado em breve em idiomas além do inglês);
- as conversas com o Bard poderão ser fixadas em uma barra lateral para serem consultadas com mais facilidade;
- compartilhamento das conversas com o programa para a rede do usuário;
- exportação de códigos de programação para mais locais.
Tecnologia confronta direitos autorais, trabalhadores e produtores de conteúdo
Nos últimos dias, o Google vem sendo alvo de polêmicas sobre a forma como treina seus sistemas de inteligência artificial — entre os quais o Bard. Uma ação coletiva na Califórnia pediu compensações à companhia por “roubar tudo que já foi criado e compartilhado na internet por centenas de milhões de norte-americanos”.
Modelos como o Bard são alimentados com uma quantidade gigantesca de dados e depois são treinados a dar respostas a partir dessa base.
Mas há acusações de que obras protegidas por direitos autorais são utilizadas — sem compensação financeira — para capacitar um sistema que será explorado comercialmente mais tarde.
A ação judicial também afirma que informações sensíveis de pessoas também acabam nesse repositório de dados.
O Google, em um comunicado enviado à rede de TV CNN, afirmou que a companhia deixa claro há anos que as informações usadas são de fontes públicas e que estão de acordo com seus “princípios de IA”.
“A lei norte-americana apoia o uso de informação pública para criar novos usos benéficos”, diz o comunicado da empresa.
De volta ao olho do furacão?
No lançamento da versão brasileira do Bard, o Google não esclareceu como será a forma de monetizar seu chatbot ou se vai utilizar as atividades dos usuários para propósitos comerciais, como a venda de anúncios personalizados e sugestões de compras. Mas afirmou que a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) brasileira será seguida. vale lembrar que a Google esteve no olho do furacão neste ano. A big tech utilizou do seu buscador e de sua audiência para se posicionar contra o projeto de regulação da internet no país, o que gerou profundo desconforto no governo brasileiro e entre especialistas.
Já na quarta (12/7), uma reportagem do site Bloomberg afirmou que, segundo documentos internos da empresa, humanos que trabalham para treinar sistemas como o Bard recebem salários baixos, têm uma carga de trabalho excessiva e enfrentam o estresse de completar tarefas complexas em até três minutos.
O trabalho desses humanos é essencial para evitar que os modelos de IA do Google não forneçam respostas ofensivas, falsas ou com conteúdo problemático.
A companhia disse que “realiza um extenso trabalho para construir nossos produtos de IA de forma responsável, incluindo testes rigorosos, treinamento e processos de feedback que nós aprimoramos por anos para enfatizar veracidade e reduzir vieses [nas respostas]”.