O microempreendedor individual pode ser o protagonista do desenvolvimento dos municípios.
Foi o que defenderam os debatedores do Transformar Juntos, evento promovido pelo Sebrae, nesta sexta-feira (4). O evento reúne autoridades, gestores públicos, agentes de desenvolvimento e lideranças para discutir ações voltadas para a melhoria do ambiente de negócios locais inclusive para este público que atualmente é formado por mais de 15,2 milhões de pessoas.
A diretora do Departamento de Artesanato e Microempreendedor Individual, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Raíssa Rossiter, lembrou que a política pública do MEI foi criada há 15 anos com um objetivo triplo: estimular a formalização, favorecer a inclusão previdenciária e elevar a inclusão social. “O MEI é uma política pública fundamental para o país. Precisamos de vocês para transformar e desenvolver ações nos municípios”, comentou.
Raíssa destacou três avanços recentes nesta política. A primeira é a reativação do Fórum Permanente do Microempreendedor Individual, que tem discutido um período de transição para que o MEI passe a ser uma pequena empresa e a eliminação da retroatividade dos tributos nessa mudança. A gestora federal ressaltou ainda a ampliação e o fortalecimento da parceria com o Sebrae, especialmente com as orientações que podem ser fornecidas nas salas do empreendedor espalhadas por todo o país. Por fim, ela ressaltou a melhoria dos serviços digitais, principalmente com foco no gestor público. “O desafio maior é trabalharmos conjuntamente para melhorarmos a vida desses trabalhadores brasileiros”, apontou.
Boa prática
A experiência de trazer o microempreendedor individual para o centro da política pública e do desenvolvimento local foi apresentada pela prefeitura de Foz do Iguaçu (PR). Por lá, a gestão local executa o Programa Foz Desenvolve, que tem o objetivo de aumentar o ritmo de desenvolvimento e transformar o ambiente de negócios. Uma das ações do Programa é o Repara Foz, que contrata serviços de pequenos reparos de microempreendedores individuais e pequenas empresas. Em dois anos, já foram repassados cerca de R$ 2 milhões para os trabalhadores do município.
“Foi a forma que achamos de beneficiar os pequenos e estamos fazendo a diferença na vida de milhares de pessoas. É uma cadeia de pertencimento, de desenvolvimento e o cidadão se sente observado pelo poder público”, explicou a secretária Municipal de Fazenda de Foz do Iguaçu (PR), Salete Horst.
A mediação do debate foi feita pela coordenadora do Núcleo de Simplificação de Políticas Públicas do Sebrae, Helena Rego, que reforçou o papel da entidade na promoção de um melhor ambiente de negócio para os microempreendedores individuais. “O nosso objetivo é sempre melhorar a política pública para os cidadãos. O MEI já nasceu com esse objetivo de simplificar a vida dos pequenos empreendedores. Tenho certeza de que trabalhando em conjunto conseguiremos ampliar o mercado e promover a inclusão de tantos outros que ainda não se formalizaram”, disse.
Cartilha
O MDIC e o Sebrae lançaram uma cartilha para orientar gestores públicos a facilitar a vida dos Microempreendedores Individuais (MEI). O material apresenta os direitos do MEI e ensina sobre os benefícios já previstos em Lei, normas e serviços.
“Queremos que a cartilha seja uma ferramenta para que o gestor recorra a ela para tirar dúvidas. Que o gestor tenha segurança de como ele pode, sim, fazer a implantação a política na forma como ela se encontra. Não é necessário nenhum mecanismo adicional para que possa fomentar a formalização de MEI no município”, esclareceu Rossiter. “Queremos transformar essa política nacional em um instrumento de desenvolvimento local”, concluiu.
A diretora ressaltou que o MEI é uma política fundamental para o Brasil. O número de MEI subiu de 44 mil, em 2009, para 15,2 milhões, em 2023. Além do lançamento da cartilha, Rossiter destacou a parceria de cooperação técnica com o Sebrae para ampliar as orientações ao MEIs nas salas do empreendedor.
Ela também deu um panorama das discussões realizadas no Fórum da Micro e Pequenas empresas, que debate, entre outros temas, a criação de uma “rampa de transição” tributária na mudança de MEI para ME – que acarreta aumento de custos.
Confira 5 dicas que estão da cartilha do MEI para gestores
- O município pode estimular o empreendedorismo e movimentar a economia local aplicando a menor alíquota de IPTU para o MEI;
- O município não precisa exigir do MEI a consulta de viabilidade de zoneamento municipal no processo de abertura do CNPJ, bem como no processo de alteração de endereço e/ou atividades econômicas;
- O município pode estimular o empreendedorismo e movimentar a economia local aplicando a menor alíquota de IPTU para o MEI;
- Microempreendedor Individual pode participar nas compras públicas. O Estatuto da Micro e Pequena empresa (Lei 123/06) e a Nova Lei de Licitações (Lei 14.133/21) garantem essa oportunidade e dá um tratamento diferenciado a esses empreendedores nas licitações;
- O MEI tem direito a vários benefícios previdenciários como aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, salário maternidade, além de benefícios para sua família como auxílio reclusão e pensão por morte.
O evento
Nestes três dias de programação, o Transformar Juntos promoveu painéis temáticos sobre desburocratização, compras públicas, inovação, entre outros assuntos considerados prioritários na agenda do desenvolvimento nacional sustentável. Entre os destaques estão as discussões sobre a simplificação e uma apresentação sobre a nota fiscal eletrônica; sobre a melhoria do ambiente de negócios rurais e o fortalecimento da agricultura familiar, bem como práticas de inovação à nível local e as vantagens de contratar startups; e sobre desenvolvimento territorial, cidades inteligentes e transformações do setor da construção civil.