A contagem regressiva para a 23ª Flip já começou. Depois de confirmar o curitibano Paulo Leminski como autor homenageado desta edição, a Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece entre os dias 30 de julho e 3 de agosto, anuncia seis convidados: a mexicana Dahlia de la Cerda; o italiano Sandro Veronesi; a argentina Dolores Reyes, além dos brasileiros Lilian Sais, Sergio Vaz e Lilia Guerra.
Inovadora no texto, Dahlia de la Cerda possui uma escrita que levanta diversas questões sobre formas de narrar. É formada em Filosofia e é uma das fundadoras do coletivo Morras Help Morras, organização que desenvolve projetos de justiça reprodutiva e aborto seguro no México. Seu livro Cadelas de aluguel (DBA, 2025) é um mosaico bastante completo sobre os horrores enfrentados por mulheres das mais diferentes classes sociais, tendo recebido o Prêmio Nacional de Cuento Joven Comala, além de estar entre os semifinalistas do International Booker Prize.
Vencedor do Prêmio Strega por duas vezes, Sandro Veronesi transita com maestria entre o humor e a infelicidade, inventando uma prosa densa e viva. Em seu romance O colibri (Autêntica Contemporânea, 2024), constrói uma narrativa não linear, entrelaçando cartas, e-mails, ligações e memórias para compor um retrato poderoso da experiência humana. Seu romance mais recente, Setembro negro, será lançado ainda neste semestre pela mesma editora.
á Dolores Reyes desenvolve uma espécie de atualização do realismo mágico latino-americano, mesclando um realismo muitas vezes brutal à força mágica do imaginário. Autora de Cometerra (Moinhos, 2022) e Miséria (Moinhos, 2024), romances que investigam diferentes violências e desigualdades contra as mulheres, Reyes sofreu tentativas de censura por parte de grupos conservadores e do governo argentino, tornando-se símbolo de resistência cultural em seu país.
A poeta e romancista Lilian Sais vem se destacando como uma voz potente no cenário da literatura contemporânea brasileira. Entre poemas, poemas em prosa e romances, escreve refletindo e teorizando sobre a escrita ao mesmo tempo em que mantém a chama de uma poesia espontânea, viva e muito terna – o que se vê tanto nos seus livros como nos vários cursos de escrita que ministra.
Poeta há mais de trinta anos e com nove obras publicadas, entre poesia, contos e crônicas, Sergio Vaz une sua escrita ao movimento de expandir a poesia no mundo. Com uma consciência muito sólida da importância do papel da leitura e da literatura na transformação da sociedade, vem construindo diversos projetos culturais ao longo de sua carreira, voltados sobretudo para a democratização do acesso à literatura nas periferias.
Por fim, Lilia Guerra é um dos destaques recentes da literatura brasileira, tendo estreado como escritora em 2014, com o romance Amor avenida (reeditado pela editora Patuá, 2022). Com um olhar para a cidade que desafia o lugar comum, a autora faz das vozes periféricas o centro das suas narrativas, ágeis e inteligentes. O que encontramos em suas obras é um Brasil dividido, desigual, violento, mas capaz de gestos de solidariedade e união.