Uma Nota Técnica divulgada pelo programa de pesquisa e extensão Ecoando Sustentabilidade, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi destaque em uma reportagem publicada na quarta-feira, 15 de novembro, no portal de notícias alemão Deutsche Welle Brasil.
Com o título “Os prós e contras de alargar as praias de Santa Catarina“, a matéria cita diversos trechos da nota, que analisa a prática, cada vez mais recorrente, de alargamento de praias no litoral de Santa Catarina e do Brasil. A reportagem também entrevistou o professor Paulo Roberto Pagliosa Alves, dos cursos de Oceanografia e Geografia da UFSC, e um dos autores da pesquisa.
De acordo com o Portal, se todos os projetos saírem do papel, Santa Catarina terá pelo menos nove praias alargadas nos próximos anos, num investimento que ultrapassa R$ 200 milhões. Essas obras têm sido uma das principais apostas para enfrentar a erosão e a falta de areia em balneários movimentados, aumentando o espaço para o lazer e turismo.
A proteção da área costeira urbana é um dos principais argumentos usados para os alargamentos. O aumento da faixa de areia comportaria o incremento da atividade turística e o lazer. Na música de Dorival Caymmi, o mar quando quebra na praia é bonito. E diz a sabedoria popular que esse mesmo mar, também vem buscar o que é seu. Em 2010, a força do mar na Praia da Armação, em Florianópolis, demoliu 15 residências. Ainda segundo a matéria, em 2021, no Morro das Pedras, sacos de contenção e paliçadas não aplacaram a fúria do mar, que danificaram diversas moradias. Não há projetos para aumentar de nenhuma das duas praias.
Balneário Camboriú finalizou o engordamento da Praia Central em dezembro de 2021, num investimento de R$ 90 milhões. A faixa de areia aumentou, em média, de 25 metros para 70 metros. Em junho deste ano, o mar tomou novamente parte da areia na conhecida Barra Sul, onde estão situados os arranha-céus mais luxuosos e uma marina privada.
O alargamento ou engordamento de praias no Brasil começou a ser executado ainda nos anos 1970, com destaque para a famosa praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Nos últimos anos, no entanto, essa alternativa ao avanço do mar voltou com força nos principais destinos turísticos litorâneos do Brasil como Florianópolis, Balneário Camboriú, Rio de Janeiro e Recife.
O texto explica que os pesquisadores da UFSC defendem, como alternativa ao alargamento das praias, a “recomposição dos sistemas ecológicos e a remoção das estruturas urbanas que estão em áreas de preservação permanente para a mitigação e adaptação ao cenário atual”. E conclui fazendo nova referência à pesquisa da UFSC: “Com estudos aprofundados e mais participação popular, como sugerem os pesquisadores da UFSC, a questão se vale a pena alargar as praias provavelmente teria uma resposta mais convincente.”
Confira alguns dos trechos da matéria que fazem referência à Nota Técnica:
“Como as praias de interesse para alargamento são todas ocupadas, a ação humana afeta sobremaneira a largura da praia. Assim, o foco no alargamento da praia é uma medida simplista que tenta resolver um problema socioambiental complexo com uma única ação, ou seja, a adição de sedimentos”, escreveram os pesquisadores em nota técnica. […]
O estudo da UFSC analisou três obras executadas e as licenças emitidas, incluindo as de Jurerê, em Florianópolis, e Praia Central, em Balneário Piçarras. De acordo com a nota técnica, em todas as praias alimentadas artificialmente têm ocorrido processos erosivos mais intensos, como mostram os degraus formados na orla e o sumiço de parte da areia de Balneário Camboriú.
Os pesquisadores alertaram ainda sobre o perigo para os banhistas. “Outro aspecto que chama bastante atenção é que na primeira obra executada [Praia de Canasvieiras] […] houve um expressivo aumento de afogamentos, sendo três com mortes, numa praia cujo último registro de morte por afogamento havia ocorrido há mais de 20 anos.”
Acesse a reportagem completa aqui.
Fonte: Notícias da UFSC