O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou nesta segunda-feira, 7 o 2º ciclo do BNDES Periferias com recursos do Fundo Socioambiental do Banco. A iniciativa, em parceria com a Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades, apoia projetos que fomentam o empreendedorismo em territórios periféricos urbanos. Serão destinados até R$ 100 milhões, sendo R$ 50 milhões de recursos não reembolsáveis do BNDES e R$ 50 milhões de parceiros.
A nova chamada pública vai selecionar projetos em duas frentes de apoio: Polos BNDES Periferias, destinado a construção ou revitalização de espaços para integração e ações coletivas da comunidade, visando a geração de trabalho e renda; e Trabalho e Renda da Periferia, para realização de diagnóstico, capacitação, mentoria e aporte de recursos a “capital semente”.
“Como banco de desenvolvimento econômico e social, o BNDES está subindo o morro para encontrar as favelas. Nós temos que integrar a cidade e o Brasil, temos que reduzir a desigualdade, reduzir a pobreza e ir para os territórios”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Ele destacou, durante o anúncio, os avanços socioeconômicos que o Governo Federal vem alcançando e o papel do BNDES Periferias nesse processo de inclusão social. “Com o presidente Lula, nós temos o maior nível de população empregada da história do índice, a maior massa salarial e o crescimento do salário real está sendo 6% ao ano. Temos um programa de emprego, de inclusão, mas ainda é imenso o nosso desafio social e o BNDES Periferias contribui nesse processo”, disse.
2º ciclo – Além de privilegiar negócios de mulheres e jovens na seleção, o BNDES adotou, neste 2º ciclo do BNDES Periferias, critério de priorização de “Diversidade Racial na Gestão”, beneficiando as entidades com 30% ou mais pessoas autodeclaradas negras em sua gestão.
No âmbito dos Polos BNDES Periferias, serão criados espaços multidisciplinares de inovação e geração de trabalho e renda. O BNDES apoiará a implantação de espaços adaptáveis, em territórios periféricos, para integração e oferta de serviços à comunidade voltados para a geração de emprego, renda capacitação etc. Cada polo terá característica própria, adaptado para funcionalidades e usos definidos coletivamente pelas comunidades, com base em suas potencialidades e vocações.
A segunda frente, Trabalho e Renda da Periferia, apoia projetos para capacitação, mentoria e aporte de recursos de “capital semente” para negócios periféricos que priorizem mulheres, jovens e população negra. O objetivo do Banco é contribuir para melhoria do resultado dos negócios, ampliação de mercados e acesso a financiamentos.
“O BNDES Periferias é resultado de um diálogo iniciado em 2023 com as comunidades e é uma agenda aberta. Cada realidade exige um posicionamento de forma diferenciada e vamos respeitar a cultura, as experiências e a vivência de cada território”, disse a diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello.
Podem participar da chamada entidades privadas sem fins lucrativos, atuando em rede ou não, que tenham experiência na implantação e operação de projetos similares nos territórios contemplados pela iniciativa. Serão apoiadas propostas de favelas e comunidades periféricas dos municípios do Programa Periferia Viva do Ministério das Cidades.
A chamada desse 2º ciclo ficará aberta até às 15h do dia 31 de janeiro de 2025. As inscrições para apresentação de projetos podem ser feitas neste link: bndes.gov.br/bndesperiferias
Nova fase do 1º Ciclo – Nesta segunda-feira, 7, o BNDES também anunciou as 12 entidades que apresentaram propostas no primeiro ciclo, lançado em março passado, e entraram agora na segunda fase de análise. São eles: Associação A Banca; ICOM (Instituto Comunitário Grande Florianópolis); Instituto Empreende Aí; ANF (Agência de Notícias das Favelas); UNAS (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região); REDEH (Rede de Desenvolvimento Humano); Instituto Meio; Fundação Dom Cabral; CIEE-RJ; Movimento Black Money; Instituto Consulado da Mulher; e Associação Redes de Desenvolvimento da Mare.
O valor das propostas do 1º Ciclo soma R$ 82 milhões, já incluindo a contrapartida dos parceiros (50%) e R$ 41 milhões do BNDES. Ao todo, 81 propostas no 1º Ciclo.
Representante da Associação A Banca, Marcelo Silva Rocha, o DJ Bola, salientou a necessidade do diálogo na construção das políticas para as periferias. “Uma iniciativa dessa, olhando para periferia como protagonista, demorou a acontecer, mas é muito importante que permaneça e fortaleça ainda mais outras vias de apoio e desenvolvimento nos territórios. Espero que a gente possa trocar, trocar conhecimento, trocar experiências, porque só assim que funciona, com diálogo”, disse DJ Bola.
Foto: Rossana Fraga / BNDES – Divulgação
Já Eliana Sousa, da Associação Redes de Desenvolvimento da Maré, destacou que a Maré, composta por 15 favelas, tem uma população de 140 mil pessoas, maior que 96% dos municípios brasileiros. “A gente está feliz de estar acessando um recurso que já tínhamos direito pelo esforço e trabalho. Mas eu entendo que também a periferia está com uma responsabilidade bastante significativa”, afirmou.
BNDES Fundo Socioambiental – Os recursos do Fundo Socioambiental do BNDES são não reembolsáveis e aplicados em projetos sociais nas áreas de geração de emprego e renda, saúde, educação, meio ambiente, priorizando projetos que proporcionem benefícios sobre as condições de vida das populações de baixa renda.