Bilhões de pessoas em todo o mundo ainda vivem sem água potável e saneamento gerenciados de maneira segura, embora o acesso aos dois serviços tenha sido definido há muito tempo como um direito humano. Muitas fontes de água estão se tornando mais poluídas e ecossistemas que provêm água estão desaparecendo. As mudanças climáticas estão prejudicando o ciclo da água, causando secas e enchentes. Água é um assunto de todos. Nesta quarta-feira, 22, a ONU será palco de uma conferência com o rebuscado nome de Revisão Geral Intermediária da Implementação da Década da ONU para Ação na Água e Saneamento (2018-2028) – o evento mais importante sobre o tema nesta geração. Ela objetiva conscientizar sobre a crise global de água e decidir ação conjunta para alcançar os objetivos e metas internacionais acordados sobre o assunto, incluindo aqueles contidos na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
No Brasil, qualidade da água nas capitais é cada vez pior
No Brasil, uma em cada quatro cidades apresenta contaminação por agrotóxicos e outros poluentes. Florianópolis está entre as 10 capitais mais afetadas pelo problema da contaminação na água que serve a população local. Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos em investigação conjunta da Repórter Brasil, da Agência Pública e da organização suíça Public Eye. As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento.
Os números revelam que a contaminação da água está aumentando a passos largos e constantes. Em 2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos. Subiu para 84% em 2015 e foi para 88% em 2016, chegando a 92% em 2017.
A falta de monitoramento também é um problema. Dos 5.570 municípios brasileiros, 2.931 não realizaram testes nas suas redes de abastecimento entre 2014 e 2017.
Embora se trate de informação pública, os testes não estavam sendo divulgados de forma compreensível para a população, deixando os brasileiros no escuro sobre os riscos que correm ao beber um copo d’água. Em um esforço conjunto, a Repórter Brasil, a Agência Pública e a organização suíça Public Eye fizeram um mapa com os agrotóxicos encontrados em cada cidade. O mapa revela ainda quais estão acima do limite de segurança de acordo com a lei do Brasil e pela regulação europeia, onde fica a Public Eye.
Agenda Global, compromisso local
O principal resultado da Conferência será o lançamento da Agenda de Ação da Água, que representa comprometimentos voluntários de todos os níveis, incluindo governos, instituições e comunidades locais. A Agenda ajudará a mobilizar ação por parte de governos, setores e demais partes interessadas em alcançar os objetivos e metas globais relacionados à água.
Saiba mais em: ONU – Conferência da Água 2023