A inserção de colônias de abelhas manejadas em fazendas de café convencionais pode melhorar o rendimento, a qualidade e consequentemente o valor de mercado do café arábica. É o que mostra um novo estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Muitas vezes são associadas somente à produção de mel, as abelhas são agentes essenciais para a biodiversidade e a vida no planeta. Alimentos importantes para uma dieta saudável e equilibrada, como frutas, legumes e verduras, dependem da polinização das mesmas. Segundo a Embrapa, em torno de 70% dos vegetais consumidos pelos humanos e outros animais herbívoros dependem da polinização para se tornarem viáveis.
Agora, um experimento da instituição traz um dado bem objetivo: a inserção de abelhas e sua polinização pode elevar a receita anual do arábica em até R$ 22 bilhões. Os dados demonstraram ainda que a presença das abelhas aumentou a produtividade em 16,5%, passando de 32,5 para 37,9 sacas por hectare.
Outro ponto é que a qualidade do café, avaliada pela nota sensorial da bebida, aumentou em 2,4 pontos, promovendo a classificação de grãos de regulares para especiais em algumas fazendas. Esse salto de qualidade elevou o valor da saca em 13,15%, o que representa um ganho de US$ 25,40 por saca. A pesquisa apontou, portanto, para o fato de que a polinização assistida pode gerar impactos econômicos significativos na cafeicultura, tornando o manejo de abelhas uma ferramenta poderosa para melhorar a rentabilidade dos cafeicultores.
A pesquisa ainda calcula que, para a adoção da solução em larga escala, seriam necessárias cerca de 6 milhões de colmeias de abelhas africanizadas para cobrir toda a área plantada de café arábica no Brasil, considerando a densidade utilizada no estudo de quatro colmeias por hectare. Para as abelhas nativas, o número de colmeias seria ainda maior – cerca de 15 milhões. Isso abriria novas oportunidades para a expansão da apicultura no país, criando uma sinergia entre a produção agrícola e a criação de abelhas, com ganhos tanto econômicos quanto ambientais.
“O potencial dos polinizadores vai além do aspecto agrícola, afetando também o meio ambiente e a sociedade. Essa prática melhora a qualidade do agroecossistema e gera benefícios econômicos que abrangem toda a cadeia produtiva”, explica Jenifer Ramos, pós-doutoranda da Embrapa e também autora do estudo. Ela enfatiza o caráter inovador do estudo, que, pela primeira vez, quantificou o impacto direto das abelhas manejadas na produção de café arábica em condições reais de campo.
Fonte: Embrapa