O Brasil já registra 512.353 casos prováveis de dengue desde o início de 2024. Foram contabilizados ainda 75 óbitos pela doença, enquanto 340 mortes estão sendo investigadas.
O coeficiente de incidência da dengue no país, neste momento, é 252,3 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Os dados constam no painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde.
Neste momento, somente o Distrito Federal iniciou a vacinação de crianças e adolescentes com idade entre 10 e 11 anos contra a dengue. No primeiro dia da campanha, 3.633 doses foram aplicadas em todos os 15 pontos disponíveis.
Goiás já recebeu as doses distribuídas pelo Ministério da Saúde e deve iniciar a imunização dessa mesma faixa etária na próxima quinta-feira (15) em 51 municípios selecionados pela pasta.
Enquanto a vacina Qdenga, oferecida pelo Ministério da Saúde, não chega para todos, pesquisadores brasileiros desenvolveram um inseticida biodegradável capaz de matar a larva do mosquito da dengue e ajudar na prevenção.
O produto é feito a partir de uma planta endêmica do Brasil e é seletivo; isto é, mata a larva do Aedes aegypti, mas deixa vivas outras espécies encontradas em meio aquático.
O inseticida é fruto de um trabalho científico multidisciplinar, que envolve pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Inseticida biodegradável
O primeiro passo para desenvolver o produto foi identificar o potencial inseticida no óleo essencial de uma espécie de pindaíba (Xylopia ochrantha), comumente encontrada na restinga, ao longo de toda a costa brasileira.
De acordo com o professor Leandro Rocha (UFF), após identificar a capacidade inseticida da planta, eles encapsularam as moléculas por nanoemulsificação – uma técnica na qual as gotas do óleo essencial estão em escala nanométrica, permitindo uma melhor liberação dos compostos inseticidas ao longo do tempo e prolongando a ação larvicida do produto.
A tecnologia ainda utiliza baixa energia e não usa solvente orgânico, o que faz o produto ser biodegradável. Outra vantagem é o fato de ser possível retirar o óleo essencial de partes da planta sem destruí-la.
“Existem muitas plantas com potencial inseticida, mas, para serem utilizadas de forma sustentável para o meio ambiente e sem maiores danos à saúde humana, elas precisam matar apenas o inseto-alvo, no nosso caso, a larva do mosquito transmissor da dengue”, explica o professor do Departamento de Entomologia e um dos autores do trabalho, Eugênio Oliveira.
Ainda segundo o professor, esta capacidade seletiva reduz os efeitos indesejáveis em espécies não-alvos da tecnologia e é um dos diferenciais entre inseticidas naturais e sintéticos.
Teste
O produto foi testado com larvas de Aedes aegypti e baratas d´água (Belostoma anurum), um percevejo comum em águas paradas e um predador natural de larvas de outros insetos.
“Observamos que o inseticida garante uma seletividade em relação a outros organismos presentes no meio aquático e que são próximos filogeneticamente. Se for aplicado em uma caixa d´água, na concentração recomendada, não matará um peixe ou outros insetos, por exemplo, como é o caso da barata d’água. E isso o faz melhor que muitos larvicidas sintéticos”, disse Milton Campaz, pesquisador orientado pelo professor Eugênio neste trabalho.
O artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Sustainable Chemistry and Pharmacy.
Por Universidade Federal de Viçosa