“Vamos trabalhar de forma construtiva, com todos os países, para pavimentar o caminho entre esta COP 28 e a COP 30, que sediaremos no coração da Amazônia”. Com essas palavras, ditas em 1º de dezembro, durante o discurso na sessão de abertura da Presidência da COP 28, em Dubai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já antecipava um momento oficializado nesta segunda-feira (11/12) pelo presidente da COP 28, o Sultão Al Jaber: a confirmação de Belém (PA) como sede da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas em 2025 . O Sultão também anunciou Baku, no Azerbaijão, como a cidade que sediará a COP 29, em 2024.
Uma coisa é discutir a Amazônia no Egito. Outra é discutir a Amazônia em Berlim. Outra é discutir a Amazônia em Paris. Agora, não. Vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. A questão indígena vendo os indígenas. A questão dos povos ribeirinhos vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
A confirmação oficial da COP 30 no Brasil coroa o esforço de uma proposta que o presidente Lula lançou ainda em 2022, após ser eleito para seu terceiro mandato, e que se concretizou em 26 de maio deste ano, quando as Nações Unidas oficializaram que o Brasil havia sido indicado para sediar a cúpula do clima em 2025.
“Se todos falavam da Amazônia, por que, então, não fazer a COP num estado da Amazônia, para que eles conheçam o que é? O que são os rios, as florestas, a fauna. O pessoal se prepare. Vai ter gente do mundo inteiro e eles vão ficar maravilhados com a cidade de Belém”, afirmou o presidente Lula na ocasião.
Para o presidente, a COP 30 no Brasil permitirá, além de ampliar o foco sobre as necessidades da Amazônia, mostrar a floresta para o mundo e apresentar tudo o que o Governo Federal tem feito para proteger o bioma. Permitirá, adicionalmente, que as nações estrangeiras conheçam como vivem as pessoas que habitam a região.
“Uma coisa é discutir a Amazônia no Egito. Outra é discutir a Amazônia em Berlim. Outra é discutir a Amazônia em Paris. Agora, não. Vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. A questão indígena vendo os indígenas. A questão dos povos ribeirinhos vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem”, constatou o presidente, em junho, durante o programa Conversa com o Presidente .
DIÁLOGOS – Neste ano, o Brasil já realizou os Diálogos Amazônicos, também na capital paraense. Na ocasião, todos os países que abrigam a floresta (Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela) foram convidados a discutir os desafios de preservação e cuidados com o bioma. Também foram convidados representantes do Congo, da República Democrática do Congo e da Indonésia, outros países com extensas florestas tropicais, para que as nações estabelecessem diálogos e consensos do que precisa ser debatido nos fóruns internacionais em torno do tema.
“Quando a gente fala em preservação, uma coisa que a gente tem que preservar são 50 milhões de pessoas que moram na Amazônia da América do Sul – e que são pessoas que querem viver dignamente; que querem comer, tomar café, almoçar, jantar; que querem passear; que querem se vestir. Tudo isso nós temos que cuidar, porque isso é garantir o meio ambiente. A gente não pode esquecer que, para cuidar do meio ambiente, começa cuidando do povo pobre que mora nessas regiões”, ressaltou.
ENVERGADURA – Em conversas com jornalistas brasileiros em 5 de dezembro, antes de deixar Dubai para uma visita à Alemanha, Lula deixou claro que a COP 30 não terá a pompa das instalações da Expo City Dubai, palco do evento nos Emirados Árabes Unidos, mas que o país se esforçará para apresentar ao mundo um evento inesquecível.
“Nós estamos saindo de um encontro internacional que a cada ano que passa ganha mais envergadura, mais responsabilidade, mais representatividade. Ninguém hoje no planeta pode discutir a questão do clima sem levar em conta a existência do nosso país, sem levar em conta a nossa experiência, e sem levar em conta o que vai acontecer no Brasil nessa questão da transição energética”, afirmou.
PREPARAÇÃO – Desde o meio do ano, o Planalto trabalha junto ao Governo do Pará e à Prefeitura de Belém nos preparativos da cidade. O Governo Federal começou um cronograma de concessões e parcerias para ajudar a transformar Belém em uma sede com capacidade para receber a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas.
Entre as medidas já confirmadas, o governador do Pará, Helder Barbalho, e a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) assinaram em agosto o contrato de cessão do Aeroporto Protásio de Oliveira para a implantação da Sede da COP 30. Hélder Barbalho ainda assinou a ordem de serviço para início das obras no Porto Futuro II, estrutura voltada a atividades econômicas ligadas à cultura e ao turismo paraense.