O governo brasileiro anunciou a retomada do acordo com Cuba para desenvolvimento em conjunto de produtos para a saúde. Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a medida “é um marco, porque permitiu que o Brasil entrasse num campo tecnológico de ponta”.
O acordo, que foi firmado ainda em 2003, foi retomado durante a viagem do presidente Lula (PT), ao país da América Central. O mandatário desembarcou nesta sexta-feira (15) em Havana, capital cubana, onde participou da Cúpula do G77+China, grupo que reúne 134 países em desenvolvimento além da China.
De acordo com Trindade, que integra a comitiva brasileira, o convênio entre os países permitirá desenvolver produtos inovadores nas áreas de vacinas, medicamentos para doenças crônicas, como alzheimer e diabetes, além de remédios para gastrite a partir do uso de cana-de-açúcar.
“É todo um campo de inovação que eu quero demarcar aqui. A importância desse acordo é que o Brasil se beneficia de um conhecimento de ponta que Cuba desenvolveu, investimentos de anos nessa área. Nesse desenvolvimento conjunto, o Brasil entra com sua expertise em pesquisa clínica e a sua capacidade de produzir em escala, em laboratórios públicos e laboratórios privados”, disse.
Tecnologia e inovação
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que o acordo pode colaborar também com a redução dos gastos na importação de remédios.
“Eles atuam na área de investigação de doenças raras, diabetes e na fabricação de fármacos, que é uma das questões desafiadoras para o Brasil. Na balança comercial brasileira, nós temos um déficit de US$ 20 bilhões de dólares (com medicamentos). Então, tudo o que vier agregar desenvolvimento, pesquisa, conhecimento tecnológico é o que nos interessa. Por isso essa lógica do ‘ganha-ganha’ é tudo o que nós desejamos”, disse.
A ministra também afirmou que a intenção do governo brasileiro é que o memorando de entendimento firmado em 2002 com o governo cubano seja retomado, com a indicação de um novo comitê gestor, para que a cooperação bilateral volte a ser a tônica das relações. A quarta e última reunião desse comitê foi em 2010.
“Nós queremos retomar, não só na área do complexo industrial de saúde, mas em outras áreas mais abrangentes, como a bioeconomia. Queremos fazer uma nova reunião do comitê em 60 dias. É uma relação em que a gente aprende e aquilo que a gente tem mais expertise a gente oferece, a gente procura uma lógica de cooperação e parceria saudável, que faz com que a gente encontre soluções pro Brasil e pra Cuba”, explicou a ministra.