O Brasil está sediando o 1º Encontro Internacional de Cinemas Movidos a Energia Solar, um evento que reúne projetos de diversos países. Haverá sessões de curtas e de filmes dos projetos de cinema solar em vários países, abertas ao público e com entrada franca, seguidos de debates.
É a primeira vez no mundo que os projetos se encontram para exibir filmes e discutir questões relativas ao cinema e à sustentabilidade. Participam os seguintes países e projetos: Brasil: Cinesolar; Chile: Plataforma Solar; Estados Unidos: Arizona Loft Solar Cinema; Holanda: Solar World Cinema; Croácia: Solar Cinema Adria; Saara Ocidental: Solar Cinema Western; Nepal: Solar Cinema Nepal; e Austrália: Solar Cinema Northern Territory.

A programação de cinema e debates começou por São Paulo, no dia 6, e segue para o Rio Grande do Norte, dia 8 em Caraúbas, distrito de Maxaranguape, e 9, em São Miguel do Gostoso. Nos dias 10 e 11, em São Miguel do Gostoso, haverá reuniões executivas, com a participação dos responsáveis pelos projetos, alguns presencialmente e outros online, a partir de seus próprios países.
Cinema solar pelo mundo
Na maioria dos países o projeto funciona a partir de vans equipadas com placas solares que possibilitam, através de um sistema conversor de energia solar para elétrica, a exibição de filmes e apresentações artísticas. No interior dos veículos, há assentos para o público e telão, que são levados para fora para a montagem das “salas de cinema”. Mas o projeto não acontece da mesma forma em todos os lugares. No Nepal, a estrutura é levada através de burros; na Austrália, adaptaram um trailer; no Saara Ocidental utilizam carro com tração nas quatro rodas.
Estarão nos eventos Cynthia Alario, idealizadora no Brasil do projeto Cinesolar, e as três diretoras executivas do Solar World Cinema, projeto pioneiro no mundo: as holandesas Maureen Prins (fundadora), Maartje Piersma e Stien Meesters. No Rio Grande do Norte, a secretária de Estado da Cultura, Mary Land Brito, participará dos dois debates.
“Nós pensávamos sobre esse encontro há muitos anos, mas adiamos nossos planos devido à pandemia da Covid. Com a COP 30 programada para acontecer no Brasil este ano, decidimos que o país seria o local ideal para o primeiro encontro. Como pioneiros do Solar Cinema e fundadores da rede internacional Solar World Cinema, achamos maravilhoso que a ideia tenha se expandido. É essencial entender as realidades e especificidades de cada projeto para determinar como podemos compartilhar experiências e conhecimento, colaborar em iniciativas conjuntas e conscientizar sobre a importância da cultura, sustentabilidade e causas ambientais para o planeta”, diz Maureen Prins, fundadora do Solar World Cinema e uma das coordenadoras do Encontro.
“Após onze anos de trabalho extensivo de cinema itinerante movido a energia solar, com objetivo de democratizar o cinema, levando-o para as partes mais remotas do país, estamos reunindo nossos parceiros apaixonados e aspirantes, para trocar conhecimento, experiências e apresentar a diversidade de iniciativas de cinema solar e despertar ideias para estender ainda mais a rede pelo mundo”, diz Cynthia Alario, idealizadora no Brasil do projeto Cinesolar no Brasil.
O 1º Encontro Internacional de Cinemas Movidos a Energia Solar é uma realização conjunta do Cinesolar e do Solar World Cinema, com os seguintes parceiros: Unesco, SPCine, Mercedes-Benz, EnergySeg, Semearte, Ecori, Unipaz – Universidade da Paz, CDHEC (Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania), Brazucah Produções, Coletivo Nós do Audiovisual, Espaço TEAR, Tukano, Ecooar e USB Power.
Cinesolar
Lançado pela Brazucah Produções, há 11 anos o Cinesolar – o primeiro cinema itinerante do Brasil movido a energia solar – transforma espaços públicos e abertos em salas de cinema. Já realizou 2730 sessões com exibição de 290 filmes e 780 oficinas de cinema para mais de 397 mil pessoas, de 890 cidades de 23 estados e do Distrito Federal. O projeto já percorreu mais de 350 mil quilômetros pelo país.

O projeto utiliza energia limpa e renovável para exibições de filmes, unindo arte, cinema e sustentabilidade. Tudo funciona a partir de uma van equipada com placas solares que possibilitam, através de um sistema conversor de energia solar para elétrica, a exibição de filmes e apresentações artísticas. No interior do veículo, há 100 assentos para o público e telão com metragem de 200 polegadas (que são levados para fora para a montagem da “sala de cinema”), além de sistema de projeção e até um EcoVJ.
Dentro da van, infográficos e monitores mostram como funciona o carro e são passadas informações sobre os princípios básicos da energia solar (por exemplo: como a energia solar se transforma em energia elétrica). Além disso, são mostrados produtos de sustentabilidade e tecnologias renováveis, com aplicações práticas no dia-a-dia, como um instigante relógio de batatas.
Os filmes exibidos sempre trabalham questões ligadas à sustentabilidade com foco em três eixos: social, econômico e ambiental. Além das sessões e das oficinas de cinema, muitas vezes a iniciativa ainda promove música orgânica e ecografite para crianças e adolescentes. Essas atividades propõem a reciclagem de materiais para a confecção de instrumentos musicais e o preparo de pigmentos naturais, como argila e urucum, nas pinturas produzidas pelos participantes.

O Cinesolar realiza a compensação de 55 toneladas CO2e, em parceria com a Ecooar, através do plantio de árvores e da certificação de créditos de carbono, com a manutenção de florestas, em áreas de preservação permanente, no município de Garça/SP. E também promove ações em conjunto com a Unesco no Brasil e a Unipaz (Universidade Internacional da Paz).
1º Encontro Internacional de Cinemas Movidos a Energia Solar
O Encontro, iniciado no dia 6, segue nos dias 8 e 9 com debates sobre os projetos de cinema solar nos diversos países, vídeos dos projetos no Nepal, Saara Ocidental, Croácia, Holanda e Brasil; e seleção de curtas que abordam temas ligados à sustentabilidade, à consciência ambiental e à relação entre o ser humano e a natureza. Haverá também, nos dias 10 e 11, um encontro presencial e online com diretores de projetos de cinemas movidos a energia solar nos cinco continentes. É uma oportunidade para celebrar a criatividade cinematográfica e promover reflexões sobre as especificidades de cada projeto e, também, sobre o futuro do planeta. Confira a programação:
Em Caraúbas, distrito de Maxaranguape, no Rio Grande do Norte
Dia 8 de fevereiro, das 18h às 20h30, na Praça Pedro Machado, ao lado da Igreja Matriz Nossa Senhora Da Guia. Com a van do Cinesolar. Aberto ao público, com entrada franca. (Em caso de chuva o evento será na Creche Municipal Professora Maria de Lourdes Barros, à rua da Macaíba – S/N.)
Em São Miguel do Gostoso, Rio Grande do Norte
Dia 9 de fevereiro. Das 18h às 20h30, no Centro Cultural Espaço TEAR, à rua das Caravelas, 131, Centro. Com a van do Cinesolar. Aberto ao público, com entrada franca.
Dias 10 e 11. Das 11h às 16h, no Centro Cultural Espaço TEAR e online, Encontro dos diretores dos projetos de cinema solar na Austrália, Brasil, Chile, Croácia, Estados Unidos, Holanda, Nepal e Saara Ocidental. Evento fechado.
Destaques da mostra

Entre os destaques internacionais a serem exibidos, a animação mexicana “Troco pilhas por sementes – Senha Verde” conta a história de Citlalli, que, com doze anos, quer fazer algo para melhorar o lugar onde vive. Por isso, cria a iniciativa “Troco pilhas por sementes”, na qual estimula seus vizinhos a lhe entregar pilhas usadas e, em troca, receberem sementes de diferentes espécies. Outro filme esperado é a animação uruguaia “A Torneira Perfeita”, onde um senhor chamado Humberto trabalha dia e noite em um projeto para desenvolver um sistema de controle automático de torneiras para não desperdiçar água. A película é dirigida por Walter Tournier, considerado um dos mestres latino-americanos da animação em stop motion.

Já entre os destaques nacionais, o curta de comédia “Açaí” – do diretor André Cantuária – conta a saga de Dionlenon, um homem de 30 anos que mora numa periferia de Macapá, no Amapá. Há ainda a animação “Contos Mirabolantes: O Olho do Mapinguari” de Andrei Miralha e Petronio Medeiros que mistura lendas brasileiras com o encantador universo da imaginação infantil. Outro destaque é o documentário “Ministra do Lixo” de Harcan Costa, que traz a história da suíça Anna Raboud, uma figura ilustre em São Miguel do Gostoso (RN).