Negro e filho de escravos, Caetano Lopes Moura nasceu na cidade de Salvador, no ano de 1779.
Em 1797, com apenas dezoito anos de idade, envolveu-se com a “Revolta dos Búzios”, assim chamada porque seus adeptos usavam um pequeno búzio prezo à corrente do relógio.
A Revolta dos Búzios ou Conjuração Baiana, foi um movimento político popular que ocorreu em Salvador, na Bahia, em 1798. O movimento foi liderado por alfaiates como João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira, e contou com a participação de escravizados, negros livres, brancos pobres e mestiços.
Os revolsosos lutaram para abolir a escravidão, implantar uma República democrática, proclamar a independência da Bahia e atender às reivindicações das camadas pobres da população.
O movimento foi fortemente reprimido pelo governo. Os líderes da Revolta foram condenados à morte ou ao degredo. A Revolta dos Búzios é considerada um dos mais importantes acontecimentos da história do Brasil.
A fuga para Portugal
Debelado o movimento revolucionário, Caetano Moura foge para Portugal, onde chegou a passar por muitas agruras até que conseguiu matricula-se na Universidade de Coimbra, onde iniciou seus estudos de Medicina.
Alistou-se no Corpo de Saúde do exército português e participou, como cirurgião, da Guerra da Península (1807-1814).
Restabelecida a paz, transferiu-se para a França e dedicou-se com inegável sucesso à prática médica. Após o estafante trabalho do dia, dedicava-se ao estudo, produzindo obras de grande valor científico e cultural.
Poliglota, traduziu para o português os grandes autores franceses, ingleses e alemães. Editou “Os Lusíadas”, de Luiz Vaz de Camões. Ao cabo de algum tempo, notabilizou-se pela competência e pela cultura.
O médico do Imperador
O ofício de médico cirurgião e sua carreira militar em Portugal levaram Caetano Moura para o exército da França. Sua fama chegou ao conhecimento de Napoleão Bonaparte, o qual, impressionado, convidou-o para ser seu médico particular.
Na condição de médico do Imperador, atingiu o píncaro da fama, tornando-se conhecido e respeitado por condes, duques e marechais.
Com a derrota de 1814, Napoleão foi exilado e Caetano Moura caiu no ostracismo. Aos 67 anos de idade, voltou para o Brasil e passou a residir no Rio de Janeiro onde, sem recurso financeiro, voltou a enfrentar necessidades de ordem econômica, chegando a mendigar nas ruas da cidade. A notícia chegou ao Palácio Imperial e D. Pedro II que já ouvira falar do médico e tradutor conceituado, concedeu-lhe modesta pensão e a tarefa de escrever sua autobiobrafia. Caetano Moura faleceu em Paris, no ano de 1860.