O Governo de Santa Catarina anunciou uma mudança polêmica no sistema de sinalização da balneabilidade das praias catarinenses. A partir de agora, as tradicionais placas de balneabilidade que indicam se um local está “próprio” ou “impróprio” para banho serão substituídas por QR Codes. A justificativa apresentada pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) é a constante vandalização das placas, que dificultaria a manutenção e a precisão das informações. No entanto, a decisão levanta questionamentos sobre a transparência dos dados e a clareza para os veranistas, que precisam saber, de forma imediata e acessível, se podem ou não entrar na água.
A mudança e suas justificativas
De acordo com o IMA, as placas físicas são frequentemente danificadas ou roubadas, o que geraria custos elevados de reposição e manutenção. A substituição por QR Codes, que direcionam os banhistas a uma plataforma online com informações atualizadas, seria uma solução mais moderna e eficiente. O governo afirma que a medida também permitirá a disponibilização de dados mais detalhados, como a qualidade da água em tempo real e histórico de balneabilidade.
Críticas e questionamentos
Apesar da justificativa, a decisão não foi bem recebida por todos. Ambientalistas, veranistas e vereadores questionam a eficácia da medida. Um dos principais pontos de crítica é a acessibilidade: nem todos os banhistas têm smartphones ou acesso à internet no momento em que estão na praia. Além disso, a necessidade de escanear um código para obter uma informação básica pode ser vista como um obstáculo desnecessário.
Outro ponto que gera desconfiança é a possível intenção de “esconder” o número de praias impróprias para banho. Com as placas físicas, a informação era imediata e visível a todos. Agora, com a necessidade de acessar um site, há o risco de que os dados sejam menos transparentes ou até mesmo manipulados. A falta de clareza pode colocar em risco a saúde pública, já que banhistas podem acabar entrando em águas contaminadas sem saber. Em suas redes sociais, a vereadora Carla Ayres (PT) e o vereador Afrânio Boppré (Psol) questionaram a medida:
O que dizem os especialistas?
Especialistas em gestão ambiental e comunicação pública destacam que a transparência e a clareza são fundamentais em políticas que envolvem saúde e segurança da população. “A informação sobre a balneabilidade deve ser imediata e acessível a todos, independentemente de recursos tecnológicos. Substituir placas por QR Codes pode ser um retrocesso em termos de comunicação pública”, afirma Maria Fernanda, professora de Gestão Ambiental.
Além disso, há o questionamento sobre a eficácia da medida no combate ao vandalismo. “Se o problema é o vandalismo, a solução deveria ser investir em placas mais resistentes ou em campanhas de conscientização, e não remover a informação do espaço público”, complementa João Pedro, especialista em políticas públicas.
O que dizem os veranistas?
Para os turistas e moradores locais, a mudança gera incerteza. “Quando vou à praia, quero saber na hora se posso entrar na água ou não. Nem sempre tenho celular comigo, e mesmo que tenha, não quero ficar dependendo de internet para algo tão básico”, reclama Ana, veranista que frequenta as praias de Florianópolis há anos.
A substituição das placas de balneabilidade por QR Codes pode ser vista como uma tentativa de modernizar a gestão ambiental, mas levanta sérias dúvidas sobre sua eficácia e transparência. Enquanto o governo argumenta que a medida resolve problemas de vandalismo e custos, críticos apontam que ela pode dificultar o acesso à informação e até mesmo mascarar dados importantes sobre a qualidade das águas. Em um estado que depende fortemente do turismo, a clareza e a confiança nas informações são essenciais para garantir a segurança dos banhistas e a reputação das praias catarinenses.
A pergunta que fica é: a mudança é realmente para o bem dos cidadãos, ou uma forma de evitar que o número de praias impróprias seja tão visível? Enquanto isso, os veranistas seguem na expectativa de que a balneabilidade das praias continue sendo prioridade, e não um segredo escondido atrás de um código.
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