Dalton Trevisan, um dos maiores contistas do Brasil, que vivia recluso há muitos anos em Curitiba, morreu na segunda-feira (9) chuvosa. Dono de um dos textos mais viscerais da literatura brasileira, ele contou como poucos a rotina da noite da capital paranaense, com personagens marcantes, texto rico e personalidade ímpar. Trevisan tinha 99 anos e morreu em casa.
“Todo vampiro é imortal. Ou, ao menos, seu legado é. Dalton Trevisan faleceu hoje, 09 de dezembro de 2024, aos 99 anos”, diz o comunicado publicado pela família no Instagram oficial do autor. Não haverá velório. O corpo será levado diretamente para o crematório Vaticano, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba.
Nascido em Curitiba, em 14 de junho de 1925, Dalton Trevisan começou a carreira literária com a novela “Sonata ao Luar” e ganhou destaque nacional com “Novelas nada exemplares”. Sua obra é conhecida por retratar o cotidiano de forma concisa e popular, explorando as tramas psicológicas e os costumes urbanos.
Trevisan recebeu vários prêmios importantes, incluindo o Jabuti e o Camões — os mais importantes para autores em língua portuguesa. No comunicado oficial do prêmio Camões, a organização divulgou que não havia conseguido contato com Dalton Trevisan para avisá-lo da homenagem.
Dalton era avesso a conceder entrevistas desde os anos 1970 e levava uma vida reclusa na capital paranaense — poucas pessoas tinham acesso a ele. Em 2021, o escritor deixou de morar na casa que se tornou ponto turístico para interessados em literatura, na esquina das ruas Ubaldino do Amaral e Amintas de Barros, no Alto da Glória.