Quem visitar São Paulo nos próximos dias, mais precisamente o Sesc Belenzinho, na zona leste da cidade, poderá conferir a maior exposição exclusiva de artistas negros já realizada no país. Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro reúne trabalhos de 240 artistas negros, celebrando a vida do povo negro e reconhecendo sua luta constante por liberdade e direitos.
As obras ocupam o espaço até 28 de janeiro de 2024. A partir daí, uma parte das obras circulará em espaços do Sesc por todo o Brasil pelos próximos 10 anos. Entre os destaques estão nomes como Tiago Sant’Ana, de Salvador; Waleff Dias, de Macapá; Eliana Amorim, de Exú (PE); e Aline Bispo, de São Paulo.
Com curadoria de Igor Simões, Lorraine Mendes e Marcelo Campos, a mostra reúne pinturas, fotografias, esculturas, instalações e videoinstalações, produzidos entre o fim do século 19 até o século 21 por homens e mulheres negros, cis e trans, de todos os estados do Brasil. O curador Hélio Menezes participou do projeto de 2019 a 2022, quando assumiu a curadoria da Bienal de São Paulo.
“A exposição Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro oferece ao público não só a oportunidade de conhecer a obra de artistas e intelectuais negros, com também de refletir sobre sua participação nos diversos contextos sociais”, diz o Diretor-Geral do Departamento Nacional do Sesc, José Carlos Cirilo.
Resistência artística
O objetivo da mostra é dar visibilidade, promover a arte afro-brasileira. Ela parte da ideia de exclusão das pessoas negras, inclusive dos espaços de arte.
O acervo foi reunido com base em pesquisas de campo nas capitais, cidades do interior e comunidades quilombolas de todo o país.
Além disso, o Sesc promoveu um programa de residência artística on-line intitulado “Pemba: Residência Preta”, que contou com mais de 450 inscrições e selecionou 150 residentes, que receberam orientações de artistas consagrados.
“O combate ao racismo estrutural passa pela valorização de elementos relacionados à educação e à cultura para a diversidade, assim como pela visibilidade e protagonismo de pessoas negras e indígenas de modo a reforçar a empatia, a solidariedade e o respeito entre os diversos membros do corpo social”, afirma o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda.
A exposição
Os espaços expositivos do Sesc Belenzinho estão divididos em sete núcleos: Romper, Branco Tema, Negro Vida, Amefricanas, Organização Já, Legitima Defesa e Baobá. Cada um faz referência a importantes intelectuais negros da história do Brasil, como Beatriz Nascimento, Emanoel Araújo, Guerreiro Ramos, Lélia Gonzales e Luiz Gama.
Cada uma reúne artistas que, em suas produções, questionam tentativas de exclusão do povo negro e reconhecem a importância de intelectuais, artistas, escritoras, líderes políticas e religiosas inseridas intimamente nos movimentos culturais e sociais.
“Trabalhamos com a ideia de constelações: encontros, aproximações e distanciamentos entre diferentes proposições, que expõem suas particularidades e suas conexões. Sob o rótulo ‘arte preta’ não caberá qualquer mecanismo de junção formal, estilística ou estética”, explicam os curadores.
DOS BRASIS – ARTE E PENSAMENTO NEGROEndereço: Sesc Belenzinho (Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho)
Horário de funcionamento: De terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 18h. Até 28 de janeiro de 2024
Preço: Gratuito